De acordo com Marques, medidas do governo acentuaram o déficit de pessoal da CGU

Concurso CGU: novo pedido para 650 vagas chega ao Planejamento

Controladoria-Geral da União faz novo pedido de concurso e aumenta quantitativo de vagas para auditor federal de finanças e controle

por Juliana Goes

 

A Controladoria-Geral da União (CGU) fez um novo pedido de concurso ao Ministério do Planejamento. Em resposta à FOLHA DIRIGIDA, o órgão informou que foi feita uma nova solicitação, aumentando o quantitativo de vagas de 620 para 650 no cargo de auditor federal de finanças e controle.

 

O pedido de concurso foi enviado ao Ministério do Planejemento no último dia 30 de maio. De acordo com a CGU, a solicitação é somente para o cargo de auditor federal de finanças e controle, que tem como exigência o nível superior e remuneração de R$15.461,70, com o auxílio-alimentação de R$458.

 

O concurso público é uma urgência da CGU, que tem hoje 1.338 cargos de auditor federal vagos. O déficit é preocupante para o órgão, que enfrenta maiores necessidades de pessoal nas Controladorias Regionais da União (CRUs).

 

A confirmação do déficit já havia sido dada em novembro de 2017 pelo ministro da CGU, Wagner Rosário, em entrevista exclusiva à Folha Dirigida.

 

"O diagnóstico demonstra carência de pessoal em diversas unidades regionais, especialmente nos estados da Região Norte", revelou Rosário.

 

Desde 2017 o ministro da CGU vem afirmando que aguarda o aval do Planejamento. Somente após esta autorização, o órgão poderá dar uma previsão dos estados que serão contemplados com vagas no concurso.

 

"Antes de definir os moldes do eventual concurso público, é necessário que haja autorização do Ministério do Planejamento. Depois de autorizada a realização, a CGU definirá o melhor modelo para atender as áreas e unidades regionais de maior carência e urgência", comentou Wágner Rosário.

 

Reforma Administrativa pode viabilizar concurso

No último dia 19, o ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Esteves Colnago, destacou a sustentabilidade das contas públicas como condição para a retomada dos investimentos no Brasil. Entre as medidas, no entanto, estão duas reformas que têm sido prioridades no governo de Michel Temer: a da Previdência e a Administrativa.

 

Segundo Esteves Colnago, a aprovação no Congresso de reformas macro e microeconômicas, que assegurem o aumento da produtividade, é a saída para o país contornar o engessamento orçamentário.

 

"O próximo governo precisa dessas reformas. Caso contrário, corre o risco de se tornar um mero gestor da folha de pagamentos, como já acontece em algumas prefeituras", observou, durante o Seminário Cenários Fiscais e Prioridades Orçamentárias, no auditório do Interlegis.

 

Um dia após as declarações, o ministro recebeu representantes do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate), para debater temas do serviço público, entre eles as reformas propostas pelo governo.

 

Para o presidente do Unacon Sindical, Rudinei Marques, que conduziu o encontro na condição de presidente do Fórum, as reformas podem ser preocupantes para os servidores públicos, no entanto, abrem margem orçamentária para novos concursos.

 

"Registramos nossa preocupação com eventuais medidas unilaterais, pois melhores salários de ingresso atraem profissionais mais qualificados. Por outro lado, sabemos que essas medidas abrem margem orçamentária para novos concursos", afirmou em entrevista à Folha Dirgida.

 

Entre as medidas da reforma administrativa propostas pelo governo estão: mobilidade de servidores entre os órgãos, alongamento da ascensão remuneratória, redução de salários iniciais e incentivos para o funcionário público.

 

Pedidos de concursos da CGU já foram negados

O último concurso CGU aconteceu em 2012, quando o cargo tinha nome de analista. Na época, foram oferecidas 250 vagas. Os 26 estados e o Distrito Federal foram contemplados na seleção.

 

Desde 2012, no entanto, a CGU não consegue mais autorização para a realização de concurso. Em 2015, foi enviado ao Ministério do Planejamento um novo pedido para preencher 620 vagas de auditor federal de finanças e controle.

 

Sem aval, a CGU fez uma nova solicitação em maio deste ano, visando a um novo concurso em 2019, com 650 vagas no cargo. Segundo o presidente do Unacon Sindical, o órgão tem se comprometido em encaminhar os pedidos, mas não tem sido suficiente para conseguir a aprovação.

 

"Isso já é um começo, mas não resolve a situação, até porque sabemos que os últimos pedidos foram devolvidos, sem que os certames tivessem sido realizados", declarou.

 

Com grande déficit, o presidente da Unacon se mostrou apreensivo com as medidas do governo e com a ausência de ações mais efetivas da CGU.

 

"Ainda esperamos ações mais enfáticas, a fim de preencher o quadro de pessoal do órgão, que hoje está bastante esvaziado. Por conta dos erros do governo no encaminhamento da reforma da previdência, milhares de servidores anteciparam suas aposentadorias, o que agravou ainda mais a crise de pessoal", afirmou.

 

Fonte: Folha Dirigida