Correio Braziliense – 22/06/2011
O sigilo para as obras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 caminha para ser o próximo foco de crise entre o PMDB e o Palácio do Planalto. Um dia depois de o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ter declarado ser contrário ao dispositivo aprovado pela Câmara dos Deputados, dois líderes peemedebistas vieram a público, ontem, pedir explicações sobre a proposta. Do outro lado da mesa, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reafirmou que o governo precisa do sigilo para baratear as obras e não alterará o projeto.
Separados por pouco mais de três horas, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e Ideli entraram em descompasso por conta do sigilo nas obras da Copa e das Olimpíadas. Segundo Jucá, a Casa poderia promover modificações na matéria, mas a ministra foi enfática: o Planalto não fará alterações na proposta. Ideli ainda acrescentou que os peemedebistas não haviam entendido a matéria. “O fato é que houve uma interpretação equivocada da medida que prevê o sigilo. Ela serve para manter a competitividade. Se eu quero construir uma casa, não vou anunciar quanto estou disposta a pagar.”
Ideli adiantou ainda que havia conversado com Sarney e o presidente do Senado teria concordado com o sigilo nas licitações das obras em aeroportos. Para ser aprovado, o dispositivo tem de passar pelo crivo dos senadores até o início de julho. Na semana que vem, a Câmara ainda deve finalizar a votação da MP n° 527, que cria a Secretaria de Aviação Civil e serviu de “veículo” para o novo regime de licitações. Somente depois disso a matéria seguirá para o Senado. Caso seja modificada, retorna à Câmara. A MP precisa ser transformada em lei até 15 de julho, quando perde a validade.
Em rota de colisão com o governo desde a votação do Código Florestal, os peemedebistas prometem endurecer a votação da MP. “O PMDB precisa compreender melhor o motivo do sigilo. Isso é um convencimento pelo qual a bancada vai ter que passar”, avisou o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL). (II)
Nova linha de crédito para o Mundial
Empresários do setor hoteleiro contam com uma nova linha de crédito para investimentos com vistas à Copa do Mundo de 2014. Desde segunda-feira, a Caixa Econômica Federal oferece financiamento para valores entre R$ 3 mil e R$ 10 milhões. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que disponibiliza linhas de crédito por meio do Pró-Copa Turismo, mantém valores de, no mínimo, R$ 3 milhões. O dinheiro emprestado pelos dois bancos serve para custear reformas, manutenção, construção e ampliação da rede hoteleira brasileira.