Ministro do STJ vai decidir logo sobre limite de divulgação de salários na web

 

Luiz Orlando Carneiro, Brasília 

Está nas mãos do ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça, a decisão liminar referente à possibilidade de o governo federal continuar a divulgar os nomes completos dos servidores em lista de vencimentos na internet, em face dos princípios constitucionais da intimidade, da privacidade e da segurança.

Na semana passada, o Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle impetrou mandado de segurança, com pedido de liminar, para impedir a publicação desses dados. Mas o presidente do Tribunal, ministro Ari Pargendler — de plantão durante o recesso do Judiciário — considerou que não havia urgência para decidir o caso naquele momento.

Nesta quarta-feira, o STJ retoma suas atividades normais, e o ministro Mauro Campbell, relator do mandado de segurança, deve se pronunciar até o início da próxima semana.

O presidente do STJ constatou que o Executivo já divulgara, com base em portaria ministerial, os vencimentos pagos aos seus servidores no mês de junho, e assinalou, no seu despacho, tratar-se assim de “fato irremediável”. Pargendler acrescentou que a publicidade dos vencimentos do mês de julho, com base na nova Lei de Acesso à Informação, se dará em agosto. “Até lá, o relator (ministro Mauro Campbell) terá retornado das férias forenses, e melhor dirá sobre o pedido”, despachou o presidente do STJ.

O mandado

O mandado de segurança dos funcionários públicos da área de finanças e controle quer derrubar a Portaria Interministerial 233/2012. O pedido contesta dois pontos: a divulgação do nome completo e do número do CPF desses servidores, juntamente com a respectiva remuneração/subsídio; e a possibilidade de busca dos valores percebidos apenas pelo primeiro nome do servidor.

A divulgação é feita no Portal da Transparência do Executivo. A entidade quer que sejam disponibilizados, apenas, o Siape/matrícula do servidor ou iniciais dos ocupantes do cargo e a remuneração, e que, para qualquer busca, seja necessária a indicação de outros dados, além do primeiro nome, para a localização da informação procurada.

De acordo com o sindicato, o acesso amplo aos valores de remunerações e subsídios com a indicação de nome completo e número de CPF, sujeita esses funcionários especializados à atuação de criminosos, já que “as informações disponíveis podem ser utilizadas tanto para que os servidores sejam ludibriados, quanto para que terceiros as utilizem em proveito próprio (documentos falsificados]”.