Governo tem novas preocupações

Autor(es): » PAULO DE TARSO LYRA » MARIANA MAINENTI

Correio Braziliense – 28/08/2012

 

O Palácio do Planalto ainda nem sequer conseguiu fechar a negociação com os servidores públicos federais de braços cruzados e já se depara com o prenúncio de que três categorias de outros segmentos vão se juntar ao movimento grevista por melhores salários e condições de trabalho. Entre bancários, petroleiros e funcionários dos Correios, os que mais preocupam o governo, segundo apurou o Correio, são os primeiros. Interlocutores da presidente Dilma Rousseff consideram pouco provável que trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) e da Petrobras, de fato, interrompam as atividades.

Para crer nisso, a Presidência da República ampara-se em situações anteriores ao atual momento. Os funcionários da Petrobras, por exemplo, receberam um repasse de recurso relativos à Participação nos Lucros (PLRs). O acordo entre a empresa e os sindicatos foi assinado em junho, autorizado pela presidente da empresa, Maria das Graças Foster. A assessoria da companhia, contudo, diz que o acerto não têm relação com a data-base da categoria, que acontece agora em setembro, e afirma que as negociações ainda estão em fase preliminar. Por isso, seria desnecessária uma paralisação nesse momento.

No caso dos Correios, as conversas estão acontecendo com a direção da empresa e com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. O Planalto lembra que a paralisação dos servidores no ano passado trouxe mais prejuízos que ganhos econômicos. Eles radicalizaram na greve e não aceitaram se sentar à mesa de negociações, forçando a decisão do dissídio no Tribunal Superior do Trabalho (TST). O TST definiu reajuste de 6,87% e aumento linear de R$ 80, aquém do oferecido anteriormente pelo Ministério das Comunicações, que previa a mesma porcentagem de reajuste, mas abono imediato de R$ 500.

Os bancários, por sua vez, devem receber hoje uma proposta de reajuste salarial de 10,25%, participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários mais R$ 4.961,25 fixos, Plano de Cargos e Salários (PCS) e previdência complementar. Segundo o Planalto, no entanto, a principal reivindicação da categoria é a melhoria nas condições de trabalho, especialmente nos bancos privados. “A cada mês, 1,2 mil empregados são afastados do trabalho, dos quais 600 por problemas psíquicos”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro.