O último dia de palestras contou com a presença do Dirigente Sindical da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Pedro Armengol e dos presidentes do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (SINAL) e da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Sérgio Belsito e Marcos Leôncio Ribeiro, respectivamente. Os palestrantes abordaram o tema direito de greve e a importância da União das Carreiras de Estado (UCE).
O coordenador da mesa e atual presidente do Unacon Sindical, Rudinei Marques deu as boas vindas aos convidados e ressaltou o objetivo da discussão. “A proposta é avaliarmos quais medidas as carreiras de estado podem e devem se organizar para que juntos possamos defender não só as carreiras, mas o estado brasileiro e a sociedade como um todo”.
O Dirigente da CUT abordou a história da luta pela implantação do direito de greve no Brasil e no mundo. “A greve nunca foi bem vista pelos dominantes. Ela já foi considerada um crime contra a coroa na França. Em 1946, se garantiu o direito de greve no Brasil”, lembra.
Segundo Armengol, as greves são vistas de forma preconceituosa e restritiva pela sociedade. Para ele há possibilidade que o cenário melhore, desde que os espaços de negociação sejam qualificados e o debate de regulamentação do direito de greve seja feito de forma única entre todos. “Os servidores não fazem greve para prejudicar a população, mas para garantir os seus direitos e melhorias no trabalho. O serviço público precisa fazer greve para abrir e fechar uma negociação. Porém, hoje vivemos em um ambiente de restrição do exercício do direito de greve”, ressalta.
Já o presidente do Sinal incluiu em sua fala a importância e os desafios da União das Carreiras de Estado (UCE). “O grupo surgiu no sentido de fazer com que todas as carreiras de estado buscassem o aperfeiçoamento do serviço publico. É possível que a gente construa uma federação e uma confederação para que isso seja intermediário e que possamos ter nessas entidades uma forma também de dividir custos e fazer essa gestão de aperfeiçoamento de legislação”, diz.
Belsito ainda destacou a importância do grupo, para reverter a imagem negativa que a Opinião Pública e a sociedade construíram a respeito do funcionalismo. “Há uma necessidade muito grande de união dessas entidades e também dessas categorias. Precisamos trabalhar em conjunto e tirar essa imagem de um serviço público ineficiente”, ressalta.
Na sequencia, o presidente da ADPF ratifica as palavras do dirigente sindical. Assim como Belsito, Leôncio acredita que existe uma lacuna na democracia sindical no Brasil que poderia ser corrigida com a UCE. “Quando falamos em democracia, falamos em pluralidade”, ressalta e finaliza, em tom de alerta, quanto à emboscada que o próprio governo impôs aos servidores públicos. “Nós temos que sair dessa armadilha que o governo nos impôs de só discutir sobre o serviço público em época de reajuste salarial. A instituição não pode ser fruto da ditadura dos seus sindicatos e das suas entidades sindicais porque ela deixa de ser instituição. Porém, ela também não pode se fechar a ouvir e dialogar com suas entidades de classe. É na conversa que se constrói verdadeiramente uma carreira e uma instituição solida”, conclui.
Texto: Luiza Vaz
Foto: Cristiano Costa