“Não aceitamos cortina de fumaça”, diz Leão

“Colocaram um submarino no meio da sala”, critica Filipe Leão, diretor de finanças do Sindicato ao julgar pela “atropelada intenção” de implantar um registro de ponto eletrônico em detrimento da lista de prioridades da carreira. A colocação foi feita durante reunião realizada na Regional de São Paulo da Controladoria-Geral da União (CGU-Regional/SP) nesta quarta-feira, 27 de março. Sérgio Takayuki, delegado sindical da unidade paulista e filiados participaram do encontro. Roberto Kodama, diretor de assuntos jurídicos do Sindicato também esteve presente, representando a Diretoria Executiva Nacional (DEN).

A afirmação do diretor foi endossada pelos demais filiados. Encarada pelos dirigentes como um “desvio de foco”, o registro eletrônico de ponto foi pautado à exaustão. “Não aceitamos cortina de fumaça. Mesmo com um quadro reduzido, os servidores vêm cumprindo com todas as metas de gestão. Como se já não fosse suficiente a extensa lista de problemas ainda não resolvidos, agora o servidor ainda terá de lidar com um circo armado para desviar a atenção das reais prioridades. Nossa posição é de repúdio”, destaca Leão.

Algumas das demandas ainda não resolvidas foram apontadas como prioritárias, pelos próprios servidores. Tais como o planejamento e qualidade dos trabalhos; a desconcentração administrativa; o papel e identidade da Secretaria Federal de Controle (SFC); o rodízio nos cargos de Direção; a reorganização administrativa de DAS nas 14 unidades estaduais; e a jornada flexível com programa de gestão e carga de trabalho em home Office, mensurada com índices de produtividade. Todas elas já consolidadas sob a forma de diretrizes aprovadas durante a segunda edição do Congresso Nacional da Carreira de Finanças e Controle (II Conacon).

A questão de recursos humanos é um desses problemas ainda não solucionados. Kodama relata o espanto das demais carreiras de Estado, diante da declaração de Rudinei Marques, presidente do Sindicato, ao informar o número de Analistas e Técnicos em atividade na CGU. “Eles perguntavam como o Órgão conseguia alcançar tantos resultados com tão poucos servidores. Isso demonstra o grau de comprometimento e dedicação da carreira, visto e atestado pela sociedade”, informa. “É estranho que o controle eletrônico ganhe destaque nos primeiros meses de gestão do novo Secretário Executivo, Carlos Higino”, conclui.

Takayuki compartilha da visão dos dirigentes. “Como acreditar que o atual controle de jornada não é adequado?”, indaga. Segundo ele, o acordo posterior dessas horas excedentes diretamente com o chefe proporciona um ambiente de trabalho saudável e produtivo para os servidores, a Administração e, consequentemente, para a nação brasileira. “Ao pé da letra, nossas atividades de trabalho externo envolvem deslocamentos aos domingos com retorno às sextas-feiras à noite e, muitas vezes, aos sábados. Essas ações geram, necessariamente, horas extraordinárias acima do permitido, por semana. Muitas vezes, para não prejudicar a execução das fiscalizações intermunicipais, ignoramos, inclusive, decisões judiciais que estão ao lado dos servidores no que tange as horas adicionais de trabalho. Toda essa relação é construída na base do compromisso dos servidores com os resultados e nunca tivemos problemas com isso”, contextualiza.

Os relatos da reunião foram registrados para futura reunião com o Secretário-Executivo da CGU.

Atuação parlamentar

Os dirigentes ainda destacaram as conquistas já alcançadas, em 2013, com a busca de apoio no Congresso Nacional e em outros órgãos do Poder Executivo. Dentre elas, a adesão de parlamentares em causas como a convocação de 100% dos aprovados no último concurso de Analista de Finanças e Controle da CGU, a aprovação da PEC 555/06, que trata de extinção da cobrança previdenciária dos aposentados e pensionistas e a revisão do Processo Seletivo de Remoção (PSR), de 2012.