Pesquisa mostra aumento de apoio à Copa e grande decepção com seleção brasileira
Levantamento telefônico feito pelo Ibope, encomendado pelo Planalto, compara percepções antes e depois da Copa. Legado do evento ainda gera dúvidas
Fonte: O Estado de São Paulo
Pesquisa de percepção feita pelo Ibope, comparando opiniões dadas antes do início da Copa do Mundo e dois dias depois da final do torneio, indica o aumento de apoio à realização e à organização do evento e uma enorme frustração com o desempenho da seleção brasileira. Provavelmente impactados pela goleada de 7 a 1 sofrida diante da Alemanha, nas semifinais, nada menos do que 78% dos entrevistados acharam que o time nacional teve um desempenho pior do que o esperado.
Apenas 5% acharam que o Brasil foi melhor do que poderia.
O blog teve acesso exclusivo ao levantamento, encomendado pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República e feito por telefone, mostra o crescimento no número de pessoas favoráveis à realização da Copa no Brasil.
No dia 10 de junho, 54% dos entrevistados apoiavam a realização da Copa no País. No dia 15 de julho, dois dias depois de a Alemanha conquistar o tetracampeonato, esse indicador subiu para 66%, num crescimento de 12 pontos porcentuais. Os contrários caíram de 38% para 28%.
A organização do evento foi considerada como ótima ou boa por 47% dos ouvidos depois da Copa, subindo cinco pontos em relação ao levantamento feito antes de as partidas começarem. O número de quem considerava regular a organização passou de 33% para 25%. Curiosamente, embora a avaliação positiva da organização tenha chegado próximo à metade do total de pessoas escutadas, também cresceu a percepção de ruim ou péssimo para essa avaliação, que pulou de 21 para 27%.
A aprovação do evento, indicada por esse levantamento, representa uma boa notícia para o governo federal e para a presidente Dilma Rousseff. A maior dúvida gerada pela pesquisa, entretanto, se concentra no legado da Copa. Embora tenha melhorado em relação à sondagem feita antes do início do torneio, a maioria dos entrevistados ainda considera que o legado da Copa ainda trará mais prejuízos do que benefícios.
Em junho, apenas 32% acreditavam que o legado traria mais benefícios para o País. Mesmo depois do torneio, esse número baixou para 31%. Em junho, 60% apontavam que o legado traria mais prejuízos. O indicador baixou para 55%, mas permaneceu bastante elevado.
Pela pesquisa, a expectativa é que a Copa poderia trazer alguns benefícios específicos como geração de empregos, que, aparentemente, se frustraram. Em junho, 35% apostavam nesssa hipótese e esse número caiu para 19% após a Copa. Em compensação, o incentivo ao turismo foi constatado por mais gente ao fim do torneio, saltando de 23% para 35%. A mesma aconteceu – em índices menores – com o legado dos novos estádios e melhoria da infra-estrutura.
Senadores criam sistema de reembolsos para assessores às vésperas da campanha
Ato Normativo publicado pela Mesa Diretora em 12 de junho concede devolução do dinheiro gasto por auxiliares com aluguel de automóveis e hospedagem na base eleitoral do parlamentar
Fonte: O Estado de São Paulo
Integrantes da cúpula do Senado afrouxaram, a menos de um mês do início das eleições, algumas regras de reembolso da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar utilizada por eles e demais colegas. A medida beneficia diretamente 47% dos senadores (38 dos 81) que vão disputar as próximas eleições.
Ato Normativo publicado em 12 de junho concede aos senadores o reembolso de aluguel de automóveis e hospedagem, gerado pelos servidores do gabinete e das lideranças partidárias, no Estado de origem do parlamentar.
A nova regra foi estabelecida pelo primeiro-secretário do Senado, Flexa Ribeiro (PSDB-PA), e altera norma anterior imposta pelo próprio tucano em abril deste ano. Naquela ocasião, não estava previsto o ressarcimento para gastos provenientes dos funcionários dos gabinetes e das lideranças nos Estados. A cota, de acordo com o Ato
Número 5, restringia o uso para situações em que o próprio parlamentar tivesse de recorrer ao aluguel de automóveis e hospedagem no reduto eleitoral.
O novo texto determina que a verba indenizatória destina-se ao reembolso das despesas efetuadas com ‘locação de meios de transportes destinados à locomoção dentro do Estado de origem e hospedagem do parlamentar, e dos servidores do gabinete parlamentar, de liderança ou de membro da Mesa”.
Mais. A regra vem se somar a outro benefício já utilizado pelos senadores, que é o pagamento de passagens aéreas com recursos da cota a funcionários comissionados do gabinete.
A publicação deste Ato Normativo ocorreu 24 dias antes do dia 6 de julho, data oficial do início das eleições deste ano. De acordo com o regimento do Senado, os parlamentares têm direito a manter escritórios nos redutos eleitorais. A Lei Eleitoral veda, no entanto, o uso de servidores como cabos eleitorais, salvo se o empregado estiver licenciado. Embora a lei estabeleça alguns limites, o controle das atividades dos funcionários nos escritórios estaduais fica sob a guarda do próprio “senador candidato”, que designa um, entre os contratados com cargo de confiança, para, por exemplo, atestar a frequência dos demais.
Além do salário de R$ 26,7 mil mensais, os 81 senadores recebem, atualmente, uma cota de R$ 15 mil por mês, mais o valor correspondente a cinco passagens aéreas igualmente mensais de ida e volta da capital do Estado de origem a Brasília.
No mesmo ato normativo, também há a flexibilização das regras referentes à “divulgação da atividade parlamentar”. Entre as formas utilizadas pelos senadores para popularizar iniciativas tomadas no mandato estão a criação de folders, sites e até a inserção de matérias pagas em alguns veículos de comunicação, entre outros. Num primeiro texto, publicado em abril deste ano, estava previsto que, a partir daquele mês, o que correspondia a 180 dias das eleições, os senadores não seriam reembolsados quando gastassem com a divulgação do mandato.
Num novo ato de junho criou-se uma brecha autorizando os senadores que não vão disputar as próximas eleições a usar a verba para os gastos com a divulgação de suas atividades, mesmo durante o período do pleito.
Adicional de embarque. Nas semanas que antecedem a disputa eleitoral deste ano, os senadores também ganharão um reforço financeiro no sistema de diárias. Em maio deste ano, foram feitas alterações nas regras internas permitindo aos parlamentares e alguns servidores com função de chefia receber “adicional de embarque”, no valor de R$ 219,85.
Esse montante será pago ao seleto grupo nas viagens feitas para as capitais dos Estados e cidades com mais de 200 mil habitantes. Inicialmente, o ato normativo de 9 de abril, que trata do assunto, não previa esse reembolso. Para evitar possíveis “prejuízos” ao bolso dos senadores, a decisão de se pagar a taxa é retroativa ao início de abril deste ano.
Procurado pela reportagem, o Senado não explicou para que exatamente vai servir esse “adicional de embarque” nem justificou a razão de sua adoção.
Câmara acelera tramitação de projeto que derruba decreto de Dilma
Fonte: Folha de São Paulo
Com o apoio do PMDB e de outros partidos aliados ao governo, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (15) requerimento que coloca na lista de prioridades do plenário a votação do projeto que susta decreto da presidente Dilma Rousseff que vincula decisões de interesse social à opinião de conselhos e outras formas de participação popular.
Desde sua edição, o decreto é alvo de ataques da oposição e do Congresso, que acusam o governo de tentar aparelhar politicamente os órgãos públicos, além de usurpar funções do Legislativo.
A chamada “urgência” para votação do projeto foi aprovada por 294 votos contra 54. Apesar disso, o PT conseguiu barrar a votação da proposta em si, esvaziando o plenário da Câmara.
Com isso, é incerto quando o texto irá a voto, já que o Congresso entrará de férias a partir desta quarta e tende a se esvaziar até as eleições de outubro.
PMDB e outros aliados do governo apoiaram a “urgência” para a votação do projeto sob o argumento principal de que o Planalto não poderia deliberar sobre o tema por meio de um decreto, mas sim mediante projeto de lei enviado ao Congresso.
O decreto de Dilma não cria novos conselhos, mas determina que os órgãos da administração pública federal devam “considerar” regras como o desenvolvimento de mecanismos de participação dos “grupos sociais historicamente excluídos” e a consolidação “da participação popular como método de governo”.
Odebrecht e Embraer concentram 81% do crédito do BNDES para o exterior
Construtora e fabricante de aviões ficam com quase US$ 10 bilhões para financiar suas vendas a governos e empresas estrangeiras. Ministério Público investiga legalidade de empréstimos
Fonte: Congresso em Foco
Nos últimos cinco anos, apenas duas empresas concentraram os empréstimos com dinheiro público para financiar suas exportações. A verba vem do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). São elas a construtora Norberto Odebrecht e a fábrica de aviões Embraer. Sozinhas, as duas ficaram com 81% dos US$ 12,29 bilhões (R$ 27,2 bilhões) emprestados entre 2009 e o primeiro trimestre deste ano, segundo levantamento do Congresso em Foco a partir de dados do próprio banco. Os valores foram desembolsados para financiar vendas de 83 empresas brasileiras no exterior, mas a maioria ficou com valores pequenos em relação às duas gigantes e mais três empreiteiras.
O levantamento do Congresso em Foco foi feito com todas as informações sobre financiamentos ao exterior que o BNDES oferece atualmente. Porém, é ignorado o destino de parte do dinheiro emprestado porque o banco não informa as empresas destinatárias dos empréstimos.
A Odebrecht lidera o ranking dos empréstimos captados no período, com US$ 5 bilhões, abocanhando 41% do bolo, para financiar suas exportações a governos e empresas estrangeiras. É seguida da Embraer, com US$ 4,9 bilhões (40%). Atrás, três construtoras: Andrade Gutierrez (US$ 802 milhões, ou 7%), Queiroz Galvão (US$ 254 milhões, ou 2,1%) e Camargo Corrêa (US$ 216 milhões, ou 1,8%).
Excluído o grupo “top 5”, a média dos empréstimos das demais firmas foi pequena em relação aos montantes bilionários. Essas 78 empresas restantes obtiveram crédito médio de US$ 13 milhões, ou 384 vezes menos do que o “desempenho” da Odebrecht e da Embraer. No total, elas ficaram com pouco mais de 8% do bolo. Nenhuma obteve algo além dos US$ 180 milhões.
Geralmente, o governo de um país ou empresa estrangeira pega o dinheiro emprestado com o BNDES para comprar produtos, serviços e obras de engenharia de empresas brasileiras. O recurso vai diretamente para a conta dos fornecedores. Os compradores do exterior se responsabilizam por pagar o empréstimo. Em outra modalidade, são as empresas brasileiras que se responsabilizam por pagar a dívida.
A assessoria do BNDES disse ao Congresso em Foco que “não cabe falar em ‘melhor distribuição de recursos’” emprestados. O motivo é que a instituição apenas responderia aos pedidos de empréstimo, que seriam “pulverizados”. “Companhias com grau mais elevado de internacionalização tendem a demandar mais financiamentos do BNDES. Ao mesmo tempo, apoiar essas companhias não retira recursos de outras empresas.”
A Andrade Guiterrez disse à reportagem que não comentaria o assunto. Procuradas pela reportagem, as outras empresas não esclareceram o motivo da concentração de recursos nem prestaram explicações ao site.
O Ministério Público e a Polícia Federal investigam a legalidade dos empréstimos do BNDES para exportações brasileiras a países como Cuba, Angola, Equador e Venezuela. Como revelou oCongresso em Foco, no porto de Mariel, a Odebrecht financiou uma consultoria que depois inspecionaria a qualidade das obras. Mensagens eletrônicas às quais o site teve acesso indicam a negociação de devolução de parte dos valores recebidos. A empreiteira não reconhece a autoria dos emails. No projeto, o governo federal injetou até US$ 107 milhões a fundo perdido,ou seja, sem retorno aos cofres públicos.
Projetos
No período em que coincide com os US$ 5 bilhões recebidos do BNDES, entre 2009 e hoje, a Odebrecht firmou 35 contratos para financiar suas obras de infraestrutura.
Dos negócios, pelo menos 32 têm governos como clientes. Entre eles, Angola, Argentina, Cuba, Equador, Venezuela e República Dominicana. A Odebrecht faz intervenções como aeroportos, obras de saneamento, rodovias, linhas de transmissão, hidrelétricas, gasodutos. Incluem-se na lista o metrô de Caracas, na Venezuela, e o porto de Mariel, em Cuba.
No mesmo período, a Embraer participou de 15 contratos de empréstimo com o BNDES. Dez deles para vender jatos para empresas norte-americanas, como companhias aéreas. Outros cinco para governos e empresas na Espanha, Argentina e Venezuela.
Ex-estatal, a fabricante de aviões ainda está nas mãos do governo. O próprio BNDES Participações detém 5,47% das ações. Outros 7,82% estão com a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que tem aportes na instituição.
Menos obras
Já as três outras empreiteiras – Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa – fecharam menos negócios. Juntas, obtiveram 25 contratos de empréstimo para os governos de Angola, Argentina, Gana, Peru e Venezuela. As obras incluem estaleiros, siderúrgicas, linhas de transmissão e avenidas.
Como mostrou o Congresso em Foco, essas mesmas empreiteiras fazem parte de um grupo que lidera obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Rio de Janeiro (RJ).
Só a Queiroz Galvão não faz parte do time que obteve R$ 30 bilhões em contratos.
Quatro empreiteiras se revezam em obras da Copa
Apuração
O Ministério Público e a Polícia Federal tentam esclarecer o que os governos brasileiro e cubano e a empreiteira Odebrecht não explicam sobre a construção do porto de Mariel, em Cuba. Eles alegam sigilo bancário e uma decretação de segredo por até 30 anos.
No Rio de Janeiro, a Procuradoria quer saber qual a legalidade dos empréstimos concedidos pelo BNDES a empreendimentos a outros países. Só para Cuba, Venezuela, Equador e Angola o banco já destinou US$ 4,7 bilhões em crédito nos últimos cinco anos. Na ilha comandada pelos irmãos Fidel e Raul Castro, os empréstimos ainda contaram com subsídios dos cofres públicos, como revelou o Congresso em Foco.
O site mostrou que, dos US$ 692 milhões emprestados aos cubanos para contratar a Odebrecht, até US$ 107 milhões foram entregues a fundo perdido com dinheiro público. Essa é uma das questões que o Ministério Público do Distrito Federal quer esclarecer. A Procuradoria determinou que a Polícia Federal apure se houve algum tipo de crime de gestão temerária na concessão dos empréstimos com recursos a fundo perdido.
Outro ponto é saber por que o valor o empréstimo subiu para US$ 692 milhões, já que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) se nega a explicar isso.
Mais beneficiários
O BNDES destacou que o levantamento do site foi feito com apenas parte dos financiamentos, exatamente aquela que é informada pelo BNDES. Isso porque o BNDES não publica em seu site e nem fornece aos jornalistas a relação de empresas beneficiárias de uma modalidade de empréstimo chamada de “pré-embarque”. Trata-se de uma linha de crédito destinada a financiar as exportações dos produtos e também a sua fabricação dentro do Brasil.
O site solicitou essas informações complementares ao banco relação de financiamentos empresa por empresa nessa modalidade, o que permitiria uma análise mais ampla das operações do banco estatal. Não recebeu as informações e nem prazo para obtê-las.