Clipping 14 de agosto

Identificação das vítimas do avião deve ser demorada, afirma diretor do IML

Fonte: Folha de São Paulo

Cerca de 50 pessoas trabalham na identificação dos restos mortais das sete vítimas do acidente de avião em que estava o candidato a presidente Eduardo Campos (PSB), segundo o diretor do IML de São Paulo, Ivan Miziara. Embora não haja prazo definido para a conclusão das identificações, o processo deve demorar dias.

O avião em que estava o ex-governador e presidenciável caiu nesta quarta-feira (13) em Santos, no litoral paulista. As sete pessoas que estavam dentro da aeronave morreram.

A identificação começou a ser feita na noite de quarta. Em Santos, as buscas por fragmentos dos corpos já estão na fase final.

“Esperamos concluir a identificação o mais rápido possível para que a dor dessas famílias não se prolongue. É um trabalho complexo. Não temos prazo, porque a gente segue protocolos internacionais de identificação para situações como essa”, afirmou o diretor.

Beto Albuquerque, vice-presidente nacional do PSB, partido de Eduardo Campos, está nesta quinta no IML e disse que, “em um prazo muito otimista, a identificação dos restos mortais acabará no sábado”.

Ainda de acordo com o pessebista, nenhum corpo será liberado antes dos outros –sete pessoas morreram no acidente de quarta-feira (13), em Santos, no litoral paulista.

Embora o dentista de Eduardo Campos, Fernando Cavalcanti, tenha enviado registros da arcada dentária do pessebista ao instituto, Miziara diz que “o grosso” da identificação será feita por exames de DNA, por conta dos estado dos fragmentos de corpos. A coleta de amostras de sangue e saliva dos familiares de primeiro grau das vítimas para comparação genética, segundo ele, já está sendo feita.

O material genético de parte dos parentes das vítimas será transportado do Recife e de Aracaju. As amostras das famílias do copiloto Marcos Martins e do cinegrafista Marcelo Lyra estão sendo coletadas em São Paulo e o do piloto Geraldo Magela em Minas Gerais.

AUTORIDADES
Autoridades da política pernambucana estiveram na manhã desta quarta no IML central de São Paulo, em Pinheiros, onde os fragmentos de corpos são analisados. Além de Beto Albuquerque, estiveram no local o deputado federal Júlio Delgado (PSB), o candidato a governador de Pernambuco pelo PSB,

Paulo Câmara, e o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB).

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, o ex-ministro da Saúde e candidato ao governo Alexandre Padilha também estiveram no IML.

Até as 12h, dois veículos transportaram para a instituição os restos mortais das vítimas. A chegada de ao menos mais um veículo é esperado até o fim do dia.

Um dos carros chegou às 20h45 desta quarta e um às 7h40 da quinta.Ao todo, segundo funcionários do órgão, foram transportados 11 sacos com os restos mortais de Santos à capital.

ACIDENTE
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu nesta quarta (13) em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial.

Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente chegaram na noite desta quarta-feira (13) na unidade do IML (Instituto Médico Legal) na rua Teodoro Sampaio, no bairro Pinheiros, em São Paulo. A Aeronáutica investiga a queda.

Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado umexpoente da nova geração da política.

O PSB tem dez dias para anunciar eventual substituição do candidato. Adversários na disputa, PT e PSDB já se preparam para enfrentar Marina Silva, a vice de Campos. Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) decretou luto oficial de três dias e afirmou que o acidente “tirou a vida de um jovem político promissor”. Também presidenciável, Aécio Neves (PSDB)disse ter perdido um amigo.

Marina declarou que guardará dele a imagem de “alegria” e “sonhos”. Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. “Não estava no script”, disse Renata.

 

 

 

Morte de Eduardo Campos “zera” corrida presidencial

Para cientistas políticos, provável indicação de Marina como cabeça de chapa reforça as chances de segundo turno e aumenta a pressão sobre Aécio. Na avaliação deles, ela tem maior potencial eleitoral do que o ex-governador pernambucano. Mas terá de superar conflitos no PSB

Fonte: Congresso em Foco

O momento ainda é de grande comoção e de incertezas. A morte do candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos (PSB), em umdesastre aéreo nessa quarta-feira (13), zerou a corrida pela sucessão presidencial ao retirar de cena o terceiro colocado nas pesquisas eleitorais. Se a eleição já era imprevisível, como disse na segunda-feira (11) ao site o diretor-geral do Instituto do Datafolha, Mauro Paulino, o que dizer agora? Em meio ao abalo com a perda de sua principal liderança, a coligação encabeçada pelo PSB tem dez dias para definir o nome de seu novo presidenciável.

Cientistas e analistas políticos ouvidos peloCongresso em Foco avaliam que a morte de Eduardo embaralhou completamente o cenário eleitoral, aumentou a pressão sobre o tucano Aécio Neves e ampliou a possibilidade de a disputa ser definida em dois turnos. Desde que, nesse caso, a sucessora do ex-governador seja sua vice, a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (PSB). Sem ela, cresce a chance de a disputa ser decidida no primeiro turno, apostam. Na avaliação dos analistas, Marina tende a entrar na disputa mais forte do que o ex-governador de Pernambuco, que ainda era pouco conhecido do eleitorado nacional. Nas eleições de 2010, ela alcançou a terceira colocação pelo PV com surpreendentes 19 milhões de votos.

Para o cientista político Alexandre Barros, é preciso aguardar os próximos dias para “digerir” o que aconteceu e projetar os desdobramentos da tragédia. Mas, na opinião dele, a ex-ministra do Meio Ambiente tem potencial para se tornar protagonista nestas eleições, à frente de Dilma e Aécio. “Se ela resolver reivindicar: ‘Eu vou concorrer’, embaralha o jogo todo porque ela vai virar a primeira entre os três”, afirmou o cientista político.

Terceira via
Alexandre Barros entende que Marina sempre teve “vida própria” na chapa e mais viabilidade de ser a terceira via destas eleições, opção reivindicada por parte dos manifestantes que saíram às ruas em junho do ano passado. “As pessoas podem identificar a candidatura dela [assim]: ‘eu sou a candidata do pessoal que está contra tudo isso que está aí’”, disse.

Para o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, todos os desdobramentos relacionados à morte do candidato Eduardo Campos estão diretamente ligados à participação de Marina na disputa presidencial. “Ela viria muito mais forte do que o Eduardo. Ela seria a terceira via realmente”, destaca.

Por outro lado, observa o pesquisador, se a vice não for alçada à cabeça da chapa, a tendência é que a eleição seja decidida no primeiro turno, o que aumentaria a pressão sobre o tucano Aécio Neves (PSDB), segundo colocado nas pesquisas, atrás de Dilma Rousseff (PT). “Os próximos acontecimentos dependerão se a Marina vai ou não continuar na disputa. Se ela não for, existem chances da eleição se definir em primeiro turno”, considera.

Desafio interno
Pesquisador e cientista político da Fundação Joaquim Nabuco em Pernambuco, Túlio Velho Barreto ressalta que ainda é prematuro fazer avaliações. Para ele, a morte de Eduardo impõe um grande desafio interno ao PSB, que terá reflexos sobre as candidaturas de Dilma Rousseff e Aécio Neves. “Aparentemente o nome de Marina Silva seria o primeiro a despontar em função da dimensão política dela e do fato de ela ser a vice na chapa. Se isso ocorrer, não vai ser muito fácil porque Eduardo Campos construiu pessoalmente os acordos que sustentavam a candidatura internamente e externamente também com os apoiadores”, pondera o pesquisador.

Desde outubro, quando Marina e seus seguidores migraram provisoriamente para o PSB, a tempo de se habilitar a participar das eleições de outubro, não foram poucos os atritos entre os dois grupos. Divergências que alcançaram questões como agronegócio e meio ambiente – principal bandeira da Rede Sustentabilidade, da ex-ministra – e o leque de alianças nas eleições estaduais.

Velho Barreto tem dúvidas quanto à capacidade de Marina repetir o desempenho da eleição passada. Para ele, a conjuntura política é outra, já que ela não tem o comando do PSB. Pelo acordo estabelecido em outubro, os integrantes da Rede se filiariam ao partido presidido por Eduardo para participar das eleições deste ano, mas migrariam para a nova legenda assim que a sigla obtivesse o seu registro oficial. “Ela teve um papel importante na última eleição porque ela era identificada com o PV e os princípios desse partido. Agora ela representaria o PSB. Eduardo Campos era mais desenvolvimentista e a Marina mais ambientalista. Eram visões distintas. Os dois tiveram muitas dificuldades. Ela agora passaria a ser candidata do PSB, e não da Rede. Isso vai exigir dela uma costura”, reforça o cientista político pernambucano.

Essas divergências, passado o impacto inicial da tragédia, voltarão à tona na opinião do professor. Agora, porém, sem a figura conciliadora de Eduardo Campos. “No plano nacional um dos grandes problemas será Marina fazer a costura sendo uma neófita na legenda, já que Eduardo era uma liderança soberana no PSB desde a morte de Arraes. Não sei se ela tem liderança suficiente num ninho que não é dela”, relativiza Túlio Velho Barreto.

Aécio e Dilma
Para o professor, o maior prejudicado pela ausência de Eduardo do pleito tende a ser Aécio Neves. “Ele e Eduardo Campos tinham uma proximidade que Marina não tem com o candidato do PSDB. O discurso afinado da oposição pode desaparecer porque existe pouca possibilidade de manutenção do diálogo de Marina com Aécio, o que deve abalar a unidade da oposição e pode beneficiar Dilma Rousseff”, opina.

Para Túlio Velho Barreto, Marina tende a buscar uma polarização com Dilma maior do que a que Eduardo ensaiava na tentativa de forçar um segundo turno. “Acontece que ela não indo para o segundo turno, quem se beneficia é Dilma Rousseff porque a última eleição mostrou que quem vota em Marina migra com mais facilidade para Dilma do que para Aécio. No Nordeste e em Pernambuco principalmente, onde Eduardo tinha muitos votos”, finaliza.

O analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), entende que o componente emocional também favorece a eventual entrada de Marina no lugar de Eduardo Campos. “Acho que ela vai capitalizar conscientemente. Ela tem essa característica da religiosidade, prega tudo em torno do destino, digamos assim. Ela diria, vamos supor, que Eduardo se foi para que ela pudesse concretizar sua missão”, observa Antônio Augusto. “Ela pode dizer que foi a Providência Divina.”

Na avaliação dele, a morte de Eduardo Campos não só muda completamente o rumo da disputa eleitoral, como traz prejuízos à oposição. “Aécio, na minha opinião, vai perder com isso”, declarou o especialista, para quem tudo vai depender da definição de Marina como a substituta natural do ex-governador. Sem Marina, diz, o pleito poderia se resolver já em primeiro turno. “Com esse clima de comoção nacional e a entrada de Marina, Aécio corre o risco de que seja Marina a ir para o segundo turno com Dilma.”

Poder do “mártir”
Interpretação semelhante faz o cientista político Murillo de Aragão. Para ele, abre-se para Marina uma “possibilidade com mais vigor”. “Marina tem acervo eleitoral que pode impulsionar os índices dela. Ela agora passa a ser um vetor para a campanha”, disse à reportagem Murillo. Nesse sentido, a comoção em torno da morte de Eduardo Campos se torna, segundo o especialista, um capital eleitoral considerável. “Todo mito, todo mártir tem poder de influenciar a política. O fato de ele ter morrido nessas circunstâncias, tão jovem e, sem dúvida, o mais promissor político de sua geração, é um fator que pode impulsionar a candidatura de Marina”, completou Murilo.

O cientista político Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), concorda. Na avaliação dele, Marina terá uma espécie de “cobertura exclusiva” devido aos holofotes em torno da morte de Eduardo Campos, com revistas dando amplo destaque em suas páginas e programas de TV carregando no forte componente emocional – coisa que nenhum outro candidato terá à disposição.

“Ela vai sair de uma condição de largada com todas as condições para chegar muito forte. A partir de agora, é uma campanha diferente. Mas não adianta fazer pesquisa agora. O mar ainda está muito mexido”, disse Leonardo, especialista em análise do comportamento político e eleitoral.

Núcleo duro

Para Murillo de Aragão, “vários nomes” se credenciam a ser indicado ao posto de vice de Marina Silva. Ele cita como exemplo o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), pré-candidato ao governo do Distrito Federal; o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS); e Maurício Rands (PSB), ex-deputado federal e um dos coordenadores da campanha presidencial de Campos. Mas, apesar da filosofia política de Marina, que vai liderar as discussões sobre o vice, há um componente interno a ser considerado.

“Acredito que o nome escolhido vai ser o que tem mais identidade com o núcleo partidário mais duro do PSB, que é o núcleo com quem Eduardo Campos se identificava”, apontou Murilo Aragão, sinalizando que Marina, à parte considerados seu capital político e seu simbolismo ecológico, vai ter de fazer concessões.

“Só não sei se o pessoal do PSB vai ter com ela o mesmo entusiasmo que teve com o Eduardo Campos”, pondera Antônio Augusto. O presidente nacional do PSB, em sua opinião, foi muito bem em sua “apresentação” a uma parcela maior do povo brasileiro, na entrevista concedida ao Jornal Nacional (TV Globo), na última terça-feira (12). “Mas ela certamente vai querer utilizar essa imagem última de Eduardo Campos para agregar votos.”

Já para Leonardo Barreto, dois nomes despontam entre os favoritos: o do deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos principais articuladores internos da aliança PSB-Rede, e o do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, um dos cérebros da campanha presidencial da coligação – e, segundo Leonardo, nome que “agrada” ao setor econômico. “Marina tem o desafio de achar um vice ‘orgânico’ do PSB”, opinou Leonardo. Para ele, a morte de Eduardo Campos ainda é muito recente para conclusões certeiras. “Só temos uma certeza: vai ter segundo turno. Só não sabemos quem vai estar lá com a Dilma”, analisa o especialista.

 

 

 

 

Renan Calheiros lamenta morte precoce de ‘uma das mais promissoras lideranças políticas do país’

Fonte: Agência Senado

Em nota divulgada no início da tarde desta quarta-feira (13), o presidente do Senado, Renan Calheiros, informou que o Congresso Nacional decretará luto oficial por um período de três dias devido à morte do candidato à Presidência Eduardo Campos.

Renan Calheiros destacou que a Presidência do Senado proporá também uma sessão solene para conceder a ordem do mérito do Congresso Nacional ao ex-governador. Renan ressaltou que “o país sofre a dor coletiva da perda de uma das mais promissoras lideranças da política brasileira”.

O presidente do Senado afirmou que Eduardo Campos foi um “homem respeitável em todos os aspectos de sua personalidade, um pai exemplar e uma referência como homem público nos cargos que exerceu”.

“É com profundo pesar que lamento a morte tão precoce e trágica do candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos. Uma tragédia que deixa o Brasil chocado e surpreso”, disse.

Veja a íntegra da nota:
“É com profundo pesar que lamento a morte tão precoce e trágica do candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos. Uma tragédia que deixa o Brasil chocado e surpreso. O país sofre a dor coletiva da perda de uma das mais promissoras lideranças da política brasileira.

Eduardo Campos foi um homem respeitável em todos os aspectos de sua personalidade, um pai exemplar e uma referência como homem público nos cargos que exerceu.

Em nome do Congresso Nacional e em meu próprio envio condolências à família, ao PSB e ao governo do Estado de Pernambuco.
Informo, ainda, que o Congresso Nacional decretará luto oficial por um período de três dias.

A Presidência do Senado proporá também uma sessão solene para conceder a ordem do mérito do Congresso Nacional ao ex-governador Eduardo Campos.

 

 

 

 

 

Falta de pessoal e contingenciamento prejudicam combate à corrupção

Fonte: Contas Abertas

As atividades de fiscalização da Controladoria-Geral da União (CGU) estão comprometidas pela falta de pessoal. Segundo a CGU, das 5 mil vagas autorizadas para cargos efetivos e temporários, apenas 2,3 mil estão ocupados. O número representa menos da metade do quadro. Ao todo, a Presidência da República possui 8.096 posições vagas. As funções nessa situação na CGU representam um terço do total (2,7 mil). O contingenciamento também tem prejudicado as atividades da entidade.

O número de cargos ocupados inclui 126 servidores em exercício nos órgãos setoriais do sistema de controle, ou seja, nas Cisets da PR, Defesa e MRE, além de 128 cedidos para ocupar funções de assessor de Controle Interno dos ministérios, chefias de auditorias internas de autarquias, fundações e empresas estatais, entre outras.

O relatório de gestão da CGU de 2013 apontou a escassez de pessoal como uma das maiores dificuldades dos setores. Em 2013, a Diretoria de Sistemas e Informação (DSI), por exemplo, precisou selecionar estratégias para diminuir os riscos e danos para alcançar os objetivos propostos diante do cenário.

A Diretoria de Pesquisas e Informações Estratégicas (DIE) do órgão, que trabalha na coleta de dados que permitam produzir informações estratégicas e antecipar, em situações críticas, o encaminhamento preventivo de soluções e o apoio à tomada de decisão, também apontou a falta de pessoal como principal problema para atingir as metas em 2013.

“No segundo semestre de 2013, as principais dificuldades enfrentadas pela DIE decorreram de fatores como escassez de pessoal e contingenciamento do orçamento […] Assim, durante a fase de planejamento e posterior revisão, a unidade buscou selecionar estratégias de atuação que minimizassem esses riscos ou trouxessem menos danos aos objetivos propostos”, aponta o relatório.

Em abril, o chefe da CGU, ministro Jorge Hage, solicitou ao Planalto reforço nas equipes responsáveis pelo combate à corrupção no governo. Em ofícios enviados aos ministros Aloizio Mercadante, Casa Civil, e Miriam Belchior, Planejamento, ele requereu “em caráter de urgência”, autorização da presidente Dilma Rousseff para a convocação de candidatos que passaram por concurso público em 2012. E alertou que “o esforço de fazer mais com menos”, no caso do órgão, “atingiu seu limite”.

No ofício, Hage avisa que, com número reduzido de analistas para fiscalizar o governo, tem sido forçado a remanejar pessoal e concentrá-lo na investigação de denúncias relativas à Petrobras. A estatal é pivô de uma crise política que resultou na criação de duas CPIs no Congresso. As informações sobre os ofícios foram publicadas pelo jornal Estado de S.Paulo.

O Ministério do Planejamento explicou ao Contas Abertas que a quantidade de cargos vagos não expressa carência de pessoal, mas a previsibilidade de compor a força de trabalho ao longo de vários anos. “Boa parte dos cargos não são criados para preenchimento imediato, mas de forma escalonada”. De acordo com o Planejamento, essa relação de cargos ocupados e não ocupados está presente em toda a Administração Pública Federal.

Além disso, por conta do fortalecimento das atividades-fim, houve mudança de perfil na composição da força de trabalho no órgão que hoje conta em maior número com servidores de nível superior (1.809 analistas) em detrimento de servidores de nível intermediário (528 técnicos).

“Essa recomposição forte nos cargos de nível superior se reflete no número de cargos vagos, que é maior entre os de nível intermediário. São 1.035 vagos entre os cargos de analista e 1.434 entre os cargos de técnico que estão, no momento, desocupados”, diz nota.

De acordo com o relatório de 2013, apesar dos avanços nas áreas responsáveis, “foi um ano de grandes desafios para a CGU, tanto na gestão administrativa do órgão, como na consecução das ações finalísticas da instituição”.

O Planejamento informou ao Estadão que o concurso público de 2012 teve provimento autorizado no mesmo ano, com 259 vagas. Em nota, explicou que, em janeiro deste ano, foram autorizadas mais 40 vagas, conforme previsão orçamentária. “Todo provimento que estava previsto no orçamento 2014, portanto, foi realizado. Não há nenhum documento pendente”, acrescentou o ministério.

O relatório de 2012 já apontava os mesmos problemas. De acordo com o órgão, naquele ano a CGU também encontrou alguns obstáculos à plena execução de seus objetivos. “As principais dificuldades decorreram da escassez crônica de recursos humanos em face da perda de servidores e da reposição insuficiente, assim como dos limites orçamentários para despesas com diárias e passagens, impostos e fatores recorrentes em relação a exercícios anteriores”. O documento de 2011 também versou sobre a situação.

Redução de recursos
Além da falta de pessoal, a CGU teve que enfrentar forte contingenciamento orçamentário ocorrido no início do 2º semestre de 2013, que dificultaram a manutenção de sua estrutura e o desenvolvimento de suas atividades.

“A gestão administrativa da CGU e a consecução das atividades finalísticas da instituição foram duramente impactadas em 2013 pelo corte orçamentário, alcançando resultados dentro de um cenário revisto a partir da reformulação do planejamento e das metas, com decisões gerenciais focadas em minimizar os danos e mitigar os impactos negativos nos resultados do órgão”, aponta o relatório da Pasta.

A lei orçamentária destinou à CGU o montante de R$ 84,2 milhões para despesas discricionárias (também chamadas de custeio e investimento, são as despesas que o governo pode ou não executar, de acordo com a previsão de receitas). Todavia, ao longo do ano foi imposta limitação de empenhos total de R$ 16,8 milhões. Outras duas portarias do Ministério da Fazenda ainda reduziram o limite de pagamentos.

Segundo o relatório, os fatos deixaram a CGU com séria carência de recursos financeiros para honrar todos os compromissos assumidos, o que comprometeu o funcionamento das unidades do órgão. “Tais limitações tiveram de ser administradas durante todo o exercício, através de sucessivas reduções de gastos relacionadas a atividades essenciais para CGU”.

Entre as práticas atingidas está o Sorteio de Municípios, uma das ferramentas de fiscalização utilizadas pela Secretaria Federal de Controle Interno, e o Portal da Transparência do Governo Federal, principal mecanismo fomentador das práticas de promoção da transparência governamental.

“Com a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, atribuindo à CGU novas competências, o quantitativo de consultas ao Portal da Transparência aumentou consideravelmente, resultando em uma demanda superior à capacidade de operação e na consequente necessidade de modernização, o que não foi possível nesse exercício”.

Também ocorreram episódios de inadimplência junto a alguns órgãos. O Ministério do Esporte informou à CGU que, a partir do dia 24/10/2013, os serviços prestados à Corregedoria-Geral da União, por meio de contratos do condomínio, assumiriam regime de redução, visto que, devido à indisponibilidade orçamentária e financeira da CGU, não foi possível honrar os compromissos assumidos, o que colocou a entidade “em situação de inadimplência orçamentária e financeira”.

Diante do cenário, a CGU não pôde oferecer aos servidores as condições mínimas de qualidade de trabalho. O responsável pela gestão do Bloco A determinou a suspensão dos serviços de copeiragem, limpeza, vigilância, manutenção predial e de ar condicionado central.

Assim, segundo a Controladoria, a única alternativa foi o fechamento da Corregedoria-Geral da União, com a transferência do corpo diretivo da unidade para o edifício-sede da CGU, e a consequente distribuição das atividades aos demais servidores para que as realizassem por meio de trabalho remoto, com cumprimento de metas e o respectivo acompanhamento pelas chefias.

Além disso, o adimplemento orçamentário e financeiro junto às Superintendências do Ministério da Fazenda nos Estados, que prestam todo o apoio logístico para o funcionamento das Unidades Regionais da CGU, também foi afetado.

Com o intuito de reverter a situação, a CGU atuou junto aos Ministérios do Planejamento e da Fazenda no sentido de obter o descontingenciamento do limite orçamentário e a expansão do limite financeiro.

Em novembro de 2013, portaria trouxe a ampliação do limite de empenho em R$ 12 milhões. De acordo com o relatório, não foi suficiente para cobrir as despesas programadas para o exercício, mas permitiu à CGU honrar parte dos compromissos já assumidos, incluindo as despesas de manutenção e funcionamento das nossas Unidades Regionais.

Entretanto, como os recursos financeiros relativos a esse valor descontingenciado só foram liberados pela Secretaria do Tesouro Nacional no início do mês de dezembro de 2013, a reocupação do espaço pela Corregedoria no Bloco A e retomada da rotina de atividades só ocorreram no dia 06 daquele mês.

Ao Estadão, o presidente da Unacon Sindical, entidade que representa analistas e técnicos de finanças e controle, Rudinei Marques, afirmou que no próximo mês a controladoria não terá mais como bancar nem a conta de luz. “A CGU parou. Os ofícios do ministro não surtiram nenhum efeito, pelo contrário”, protesta.