“Nada de relevante para o serviço público é tratado na PEC 32/2020”, aponta Rudinei Marques, em live do Congresso em Foco

Debate realizado na noite desta segunda, 12, contou com participação do relator da proposta na CCJC, deputado Darci de Matos
“Nada de relevante para o serviço público é tratado na PEC 32/2020”, aponta Rudinei Marques, em live do Congresso em Foco

O secretário executivo do Unacon Sindical, Rudinei Marques, participou, na condição de presidente do Fonacate, de debate sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, da reforma administrativa, promovido pelo portal Congresso em Foco em parceria com a Febrafite, na noite desta segunda-feira, 12 de abril. Na conversa, que contou com a presença do relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, deputado Darci de Matos (PSD-SC), dos também deputados Marcelo Ramos (PL-AM) e Professor Israel Batista (PV-DF) e do presidente da Febrafite, Rodrigo Spada, Marques ressaltou que a proposta não trata de nada relevante para o serviço público.

“Não tem uma linha na reforma que vá possibilitar mais e melhores entregas à sociedade. Nem do ponto de vista econômico-fiscal há algum ganho”, afirmou o secretário executivo do Sindicato. Ele destacou também a inoportunidade de se debater mudanças estruturais no serviço público no momento em que os servidores atuam na linha de frente de combate à pandemia. “A maior parte do funcionalismo, 60% dos 12 milhões, atua nas áreas da saúde, segurança pública, assistência social e educação. É impossível, neste momento da pandemia, que, ressalto, já vitimou 350 mil brasileiros, que eles participem deste debate”, considerou.

Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara dos Deputados, concordou que a prioridade do país, neste momento, deve ser salvar vidas e sugeriu que a Comissão Especial, que analisará o mérito da PEC 32/2020, não inicie os trabalhos até haver a possibilidade de realização de sessões presenciais, com a participação da sociedade e das representações dos servidores nas audiências.

O relator da PEC 32/2020 na CCJC, afirmou que pretende apresentar o parecer de constitucionalidade na primeira quinzena de maio, mas antes realizará audiências públicas para ouvir as partes interessadas e ponderar as considerações das entidades representativas do setor, dos parlamentares contrários e favoráveis à proposição e do setor produtivo, que, segundo colocou ele, é “quem paga a conta”.  Sobre a abrangência da matéria, o deputado repetiu o discurso que vem sendo propagado pela equipe econômica do governo. “A PEC não pega, em uma linha sequer, os atuais servidores. Todos os direitos adquiridos serão preservados. A partir da aprovação da PEC, vamos criar vínculos diferentes, nos moldes que já existem em países desenvolvidos”, disse. A afirmação, no entanto, foi prontamente rebatida pelo presidente da Frente Servir Brasil. 

“O texto da PEC 32 é muito ruim e atinge também os atuais servidores, apesar de não parecer. Por exemplo, quando retira da Constituição os critérios de definição de remuneração, o que gera um risco enorme à isonomia, ela está atingindo os atuais servidores. A criação de cargos de liderança para assumir funções técnicas, estratégicas e gerenciais, sem a reserva de ocupação desses cargos para os servidores, também os atinge”, ponderou.

Antes de encerrar, Rudinei Marques e Israel Batista reafirmaram a disposição para debater propostas que visem o aperfeiçoamento da máquina pública, o que, conforme ressaltaram, definitivamente, não é o caso da PEC 32/2020.

Assista a íntegra do debate abaixo.