Ato por reajuste une servidores e deputados: “Serviço público nunca foi tão atacado”

“Estamos em greve porque a política de gestão de pessoal, não só no serviço público, mas toda a política do mundo do trabalho desse governo é desastrosa”, declarou Bráulio Cerqueira, presidente do Unacon Sindical

Entidades dos servidores federais e parlamentares ocuparam o Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (31), em ato público pela urgente recomposição salarial e reestruturação de carreira do funcionalismo público. O ato fez parte do Dia Nacional de Mobilização em defesa do reajuste.

Para o presidente do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, “o serviço público nunca foi tão atacado quanto nesses anos de governo Bolsonaro, e em um momento em que o serviço público nunca foi tão necessário quanto o que estamos passamos, como mostrou a pandemia”.

“O momento é de dar um basta, de dizer chega. De unirmos forças e dizer para os 1,2 milhão de servidores civis ativos, aposentados, e pensionistas, como é que estamos sendo tratados. Ontem, Bolsonaro disse ao pessoal da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que são nossos parceiros nessa luta, que os culpados [de não ter aumento para eles] somos nós. Era só o que faltava”.

“Agora, além de jogar servidor contra servidor, o governo corta verbas de áreas sociais para jogar a sociedade contra os servidores”, afirmou Rudinei, referindo-se aos cortes do governo, que afetarão as áreas da Educação, Saúde e Ciência.

Ao denunciar o desmonte do serviço público na atual administração, Rudinei falou sobre a falta de concursos e que “a cada 100 funcionários que se aposentam, apenas 30 são repostos”. “Temos menos servidores do que em 1991, na União. Tínhamos 650 mil. Hoje temos 570 mil. Um período em que a população do Brasil cresceu 40% e o número de servidores diminuiu esse montante. É inadmissível tudo isso”, afirmou.

Ao falar sobre a urgência do prazo para que o governo envie qualquer projeto de lei ao Congresso em relação às reivindicações da categoria, Rudinei Marques fez um apelo às entidades e aos servidores: “Agora é pressão total. Quem puder mobilizar as bases, a hora é agora”, conclamou. “Dinheiro tem. Tem dinheiro para dar reajuste que reponha 40% das nossas perdas acumuladas desde a última reposição. Não vamos aceitar essa divisão”, disse.

O líder da minoria na Câmara, deputado Alencar Santana (PT-SP), também coaduna da posição do presidente do Fonacate, de que “esse governo é inimigo do servidor público e do serviço público”.

“Esse governo quer acabar com o Estado brasileiro. Esse é o projeto dele e por isso se nega ao diálogo com os servidores”, disse. Para Alencar, “a missão” de todas as lideranças ali presentes, “é lutar para que, em outubro, derrotemos esse governo e que um novo tempo venha. Esse é o desafio que temos pela frente”, disse.

Para o deputado Paulo Ramos (PDT-RJ), “Bolsonaro não respeita o servidor, porque seu governo não tem nenhum interesse em prestação de bons serviços públicos à população, e, portanto, temos que gritar aqui, em alto e bom som, Fora Bolsonaro”, conclamou o deputado, no que foi seguido em coro por toda a plateia que lotava o auditório.

Bráulio Cerqueira, presidente da Unacon Sindical, que representa os servidores do Tesouro Nacional e da Controladoria Geral da União (CGU), iniciou sua fala afirmando que a categoria está em greve e, justificou: “Estamos em greve porque a política de gestão de pessoal, não só no serviço público, mas toda a política do mundo do trabalho desse governo é desastrosa”.

“Esse é o governo que desde o Plano Real, em 1994, vai terminar com o salário mínimo menor do que no início da gestão. As perdas do funcionalismo nesse período são superiores a 25%, isso se contar só o IPCA”, disse.

Para Bráulio Cerqueira, “não basta para esse governo o trabalho intermitente e os 11 milhões de desempregados. É uma mentira que não tem dinheiro, que não tem orçamento”. E finalizou sua intervenção dizendo que, independente do resultado da campanha dos servidores públicos, essa luta não vai acabar aqui.

“Nós vamos precisar reconstruir o país, e isso vai passar pela gestão de pessoal e a política remuneratória no serviço público”, afirmou.

Fonte: Hora do Povo

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