Auditores da CGU protestam durante evento paralelo do G20 sobre integridade e anticorrupção em Natal
Auditores federais da Controladoria Geral da União dos estados do Nordeste protestaram contra a desvalorização da carreira, nesta segunda-feira (21), durante o evento paralelo do G20 sobre integridade e anticorrupção que acontece em Natal.
Vestidos de preto e com cartazes que pediam um acordo com o governo federal em relação ao reajuste salarial, eles ocuparam a galeria do evento durante a reunião de especialistas e líderes globais.
“Estamos aqui com colegas da Paraíba, de Pernambuco, da Bahia, de Alagoas, e com o quadro de auditores federais do Rio Grande do Norte para chamar a atenção do governo federal e pedir a retomada das negociações, a reabertura do diálogo com a categoria, porque não existe combate à corrupção com auditor federal desvalorizado”, disse Elaine Niehues Faustino, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical).
Após o protesto, Marcelo Pontes, secretário de Integridade Privada da CGU, explicou aos presentes, em inglês, o motivo da manifestação dos auditores federais e declarou apoio ao movimento e às reivindicações da categoria.
“Atualmente meus colegas estão engajados em um esforço conjunto para pedir melhorias na carreira. Então isso foi parte do que a carreira tem feito ao longo dos últimos meses. E deixe-me também assegurar, em nome do ministro, que toda a alta administração da CGU, liderada pelo ministro apoia fortemente o movimento que o grupo da carreira está fazendo. E ele está muito engajado em atender, na medida do possível, todas as reivindicações que a carreira está fazendo”, afirmou.
Greve
No último dia 8, a carreira de Finanças e Controle rejeitou pela terceira vez consecutiva a proposta de acordo do governo, por entender que o termo não atendia nenhum dos pontos centrais para a valorização da carreira. Entre as reivindicações estão a correção de assimetrias salariais com carreiras de mesmo nível, com as quais guardava similaridade remuneratória até 2016; o cumprimento do acordo firmado em 2015, que previa a exigência de nível superior para ingresso no cargo de Técnico Federal de Finanças e Controle, cujas atribuições já justificam tal exigência; e a manutenção dos atuais 13 níveis da tabela de progressão, tendo em vista que o governo propõe a ampliação para 20 níveis, mas de forma não isonômica em relação a outras carreiras.
Em nota, o Unacon Sindical destacou que a desvalorização da carreira em relação a outras de mesmo nível impacta diretamente a capacidade de retenção de talentos. Mais de 35% dos servidores da CGU aprovados no concurso público de 2022 pediram exoneração para assumir cargos em carreiras mais valorizadas.
Outra denúncia da entidade aponta o descumprimento de recomendações e compromissos internacionais. “Enquanto a Convenção Interamericana Contra a Corrupção, da OEA, recomenda o fortalecimento dos órgãos de controle e o incentivo aos servidores na linha de frente do combate à corrupção, o governo promove, por meio das reestruturações administrativas propostas, o rebaixamento dessa carreira essencial”, afirma o Sindicato.
Amanhã, terça-feira, os servidores da CGU farão um novo dia de greve. A paralisação, que ocorre às terças e quintas, conforme deliberação da categoria, já afeta a capacidade operacional do órgão em várias áreas, como a conclusão de acordos de leniência e a realização de auditorias e fiscalizações.