Os servidores da Controladoria-Geral da União do Mato Grosso protocolaram hoje, 9, uma Carta Aberta ao ministro do Controle e da Transparência, Jorge Hage. No documento, os auditores da regional reiteram o repúdio e a indignação à proposta apresentada pelo governo à carreira Finanças e Controle. Confira, abaixo, a íntegra da carta:
Carta aberta ao Ministro Jorge Hage
Senhor Ministro,
Aqui em Mato Grosso, os servidores da Controladoria-Geral da União saem a campo com freqüência, deixando suas famílias e seu lares, enfrentando estradas precárias, pontes perigosas, áreas endêmicas, sol escaldante, atoleiros, poeira, regiões desabitadas, sem recursos de socorro por muito quilômetros, e fazem tudo isso com orgulho e dedicação, porque acreditam sinceramente no valor de seus trabalhos. Do mais complexo convênio de obras ao menor benefício do Bolsa Família, temos o mesmo comprometimento e abnegação para desempenhar nossas atribuições. Nenhum outro cargo no Governo Federal depende tanto de desenvoltura em tantas e tão diversas áreas: estudamos com afinco todo tipo de programa, da saúde à infra-estrutura, do esporte a recursos externos, de educação à reforma agrário. E não apenas nos debruçamos sobre as mais complexas normas, regimentos, manuais, procedimentos de todas essas áreas, como saímos a campo para fiscalizar, vistoriar, entrevistar e analisar a aplicação dos recursos públicos.
Mas o governo, infelizmente, não parece valorizar todo esse esforço. Consideramos uma humilhação absurda a proposta apresentada à categoria. Não apenas nos tratam com discriminação em relação a outras carreiras típicas de Estado como a Polícia Federal e a Receita, mas rebaixa ainda mais a relação já desigual que nossos salários têm quando comparados com as demais carreiras.
Pior ainda é o caso dos TFC’s. Não apenas deixaram de ter aumento, mas receberam uma proposta que reduz em quase 10% o salário inicial em julho/2008. É uma afronta aos servidores que extrapolam as suas atribuições para contribuir decisivamente no atingimento dos resultados da CGU.
Não podemos aceitar mais esse tratamento, Senhor Ministro. Um governo que tem procurado demonstrar à sociedade o valor do combate e da transparência não pode desdenhar dos servidores que desempenham essas atividades.
Não acatamos mais a discriminação, Senhor Ministro. E sabemos que o senhor também não aceitará calado essa situação vexatória. Aplaudimos vossa atuação à frente da CGU, órgão que tem crescido em prestígio e confiança junto à sociedade. Acreditamos que o senhor está conosco nessa luta de defesa e de valorização dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle.
É hora, Senhor Ministro, de romper com o modelo histórico de desvalorização do controle e do combate à corrupção. Não há nada que justifique a negativa ao nosso direito de sermos tratados com a mesma prioridade dedicada pelo Governo às carreiras da arrecadação e da Polícia Federal.
Chega de humilhação, Senhor Ministro! Queremos ver o sangue e o suor que derramamos pelo Controle serem valorizados devidamente pelo Governo.
Acreditamos, sinceramente, que não chegou ao conhecimento do Presidente da República essa proposta ridícula que o Planejamento apresentou à UNACON. Não pode ser verdade que o Presidente, cujo discurso dedica crescente relevância ao trabalho do combate à corrupção pela CGU, permita esse descaso com os auditores que tantos resultados positivos têm demonstrado ao longo desse mandato presidencial. Cremos, verdadeiramente, que o Presidente pode intervir para acabar com o histórico desequilíbrio salarial entre a carreira da arrecadação e do controle da despesa federal.
Acreditamos, enfim, Senhor Ministro, que podemos vencer.
Do contrário, aquelas viagens de sacrifício pelo agreste do país podem se tornar apenas o cumprimente burocrático de uma função de Estado, e não mais o desempenho apaixonado da defesa dos interesses da sociedade brasileira.
Auditores da CGU-MT