Planalto condena atos de violência

Apesar de toda a pressão dos servidores, que prometem tomar conta da Esplanada dos Ministérios hoje, dificilmente o governo cederá e concederá os reajustes pedidos pela categoria. Segundo o secretário de Relações com Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, como o governo está finalizando a proposta orçamentária a ser encaminhada ao Congresso até 31 de agosto, é preciso ter cautela, sobretudo num momento em que a prioridade é destinar recursos a investimentos em infraesturura, para estimular a retomada do crescimento econômico. “Estamos analisando a situação. Na hora que tivermos uma resposta global, comunicaremos a todos”, disse.

Na opinião de Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef), os trabalhadores estão cansados da greve e do descaso do governo. “Queremos que o Palácio do Planalto nos dê uma resposta e não fiquem mais nos enrolando”, afirmou.

O governo repudiou a ação dos grevistas, sobretudo depois de a presidente Dilma Rousseff ser informada de que Sérgio Mendonça havia sido trancafiado na sala de reuniões do Ministério do Planejamento pelos servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Ministério do Desolvimento Agrácio (MDA).

A conta sobrou para os representantes da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tiveram as conversas com Mendonça suspensas. “Não vamos aceitar atos de violência como o que se viu no Planejamento. Negociar é uma coisa. Ignorância é outra”, disse um assessor da presidente Dilma. Segundo ele, se os servidores, que já haviam confrontado policiais nas ruas de Brasília na semana passada, continuarem partindo para a violência, o governo suspenderá todas as conversas.

No Palácio do Planalto, ainda há a disposição de corrigir algumas disparidades nos salários dos servidores, principalmente entre os que compõem o carreirão, que agrega 120 mil dos 570 mil funcionários ativos. Segundo a Condsef, será necessário equalização de 78% nos salários, o que representará, de acordo com o Planejamento, um reajuste próximo de 30%. “Não estamos pedindo um reajuste. Queremos a correção das distorções criadas pelo próprio governo”, afirma Josemilton Costa, secretário-geral da Condsef. De acordo com o Planejamento, em 2002, os salários de todas as carreiras variavam entre R$ 1.183 e R$ 1.959 (básico inicial e final). De lá até o ano passado, todos os funcionários do carreirão tiveram reajustes entre 55% e 114% acima da inflação.