Clipping 07 de março

Dilma convoca cúpula do PMDB para discutir crise no domingo

Autores: Flávia Foreque e Márcio Falcão
Fonte: Folha de S. Paulo- 07/03/2014

Com a ameaça de retaliações de setores do PMDB, a presidente Dilma Rousseff convocou a cúpula do partido para discutir no domingo (9) a crise que envolve o espaço da legenda na reforma ministerial e os problemas nas alianças estaduais.

Os conflitos foram motivo de troca de farpas entre lideres dos dois partidos durante o feriado de Carnaval e aumentou dentro do PMDB a pressão por antecipar a convenção partidária para este mês, decidindo sobre o futuro da sigla nas eleições de outubro, e ainda a possibilidade de derrotas do Planalto no Congresso.

Há quem defenda que o PMDB feche o apoio nacional ao PT, mas libere os Estados. A reunião de Dilma com o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi confirmada nesta sexta-feira (7) durante encontro do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) com o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), que contou ao final com a presença do chefe de gabinete da presidente, Giles Azevedo.

Na conversa, Mercadante e Raupp discutiram os problemas entre as legendas. A ideia, segundo o peemedebista, é que no domingo os dois partidos cheguem a um entendimento. Os principais focos de tensão estão nas montagens das candidaturas estaduais, especialmente no Rio e Ceará. As duas legendas só estariam juntas no Distrito Federal, no Pará, em Sergipe e no Amazonas.

O descontentamento com a reforma ministerial e com o tratamento do Planalto levou o PMDB a patrocinar a composição de um “blocão” na Câmara com oito partidos capaz de dificultar a vida do governo em votações.

Segundo Raupp, “o maior problema dentro do PMDB hoje são as alianças regionais”. “Essa ansiedade, aflição das eleições que se aproximam e os desencontros do PT e PMDB na maioria dos Estados tem que ser conversado com mais profundidade, começar a resolver essas alianças para depois começar uma convivência mais pacifica entre os dois partidos que sustentam a base do governo”, disse.

Ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também entrou em campo e telefonou para peemedebistas pedindo a “pacificação”. Num encontro na quarta-feira (5), Dilma e Lula discutiram as insatisfações do PMDB, principal aliado, e acertaram que não aceitariam ultimatos e que pretendiam isolar o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que virou porta-voz dos descontentes do partido.

Raupp afirmou que “não cabe ao PMDB ficar pedindo cargos no governo”. O Planalto teria acenado com a indicação do senador Vital do Rego (PMDB-PB) para o Ministério do Turismo, que hoje está sob os cuidados de um indicado da Câmara.”A presidente sabe o tamanho que o PMDB tem, que tem sido avalista da democracia todo o tempo, fiel da governabilidade em todos os governos nos últimos 30 anos. O PMDB tem tamanho suficiente para ser respeitado e o governo saber a importância que o PMDB tem. Não cabe a nós apontar que cargo o PMDB vai ocupar”, disse.

TROCA DE FARPAS
Raupp afirmou que reação do líder do PMDB da Câmara, que protagonizou uma guerra verbal com petistas, entre eles o presidente nacional do PT, Rui Falcão, é uma atitude isolada. Ele disse que os ataques não contribuem para desmontar a rebelião.

“Isso não ajuda, e eu acho que isso já está sendo colocado um fim nessa questão. Eu espero que a partir de agora, essa troca de farpas entre lideranças do PT e PMDB possa chegar ao fim. Isso não ajuda em nada, verdadeiramente não ajuda em nada”, afirmou. “O mesmo respeito que nós queremos que o PT tenha pelo PMDB o PMDB deve ter esse respeito pelo PT, que é o partido da presidenta da república”, completou. Ele disse esperar que a crise chegue ao fim na próxima semana.

 

 

 

 

Governo corteja aliados para anular formação de ‘blocão’

Dilma promete atender partidos na reforma ministerial para tentar desidratar articulação de peemedebistas

Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de S.Paulo- 07/03/2014

Orientada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff adotou como estratégia afagar as cúpulas partidárias da base aliada com o objetivo de anular o movimento liderado pelos rebeldes do PMDB e esvaziar o bloco formado na Câmara cujo objetivo é ter atuação independente do Palácio do Planalto.

Ao PP, por exemplo, Dilma prometeu resolver a sucessão no Ministério das Cidades nos próximos dias. O gesto fez com que o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), anunciasse ao Estado que não vai avalizar o “blocão” idealizado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ).

“Nós vamos sair do blocão. Não vejo vantagem em participar de um bloco maior do que o nosso partido. Isso faz com que os líderes acabem por receber maior pressão de suas bases”, afirmou Ciro. Ele disse já ter conversado com o líder do partido na Câmara, Eduardo da Fonte (PE), um dos maiores entusiastas da formação do blocão. “Posso dizer que o Eduardo (da Fonte) não faz nada sem que eu saiba. Nós estamos juntos e não vamos entrar nessa não”, afirmou o presidente do PP.

Na mesma linha, o presidente do PDT, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, disse que seu partido vai se retirar do blocão comandado por Eduardo Cunha. “Nós temos nossa dinâmica, nossa identidade, nosso voo próprio. Temos um planejamento eleitoral que não passa por envolvimento nessas crises”, afirmou Lupi. “Até porque, até onde sabemos, essas crises são artificiais. Duvido que o PMDB, dono da Vice-Presidência da República, não saberá contornar seus problemas.”

‘Firme na base’. Outro partido cuja direção vem sendo acionada por Dilma é o PTB. A legenda, que nunca teve um ministério na atual gestão, já recebeu sinais do governo de que receberá a Secretaria dos Portos brevemente. Líder do partido na Câmara e vice-presidente da sigla, o deputado Jovair Arantes (GO) afirmou que o PTB continuará a participar do blocão comandado pelo PMDB apenas para resolver questões internas no Congresso. “Não vejo como a iniciativa de formação do bloco pode contaminar nossa relação com o governo. Nós continuamos firmes na base aliada”, disse o parlamentar. “Não estamos criando caso com nada e nem vamos criar. Somos aliados e continuaremos do lado da presidente Dilma na campanha presidencial.”

No PSD, que já anunciou oficialmente apoio à chapa de Dilma, a ordem da cúpula é para que o partido não crie problemas no Congresso. Tanto que o líder da legenda, Moreira Mendes (RO), que participou da primeira reunião do blocão, foi orientado pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, a deixar o grupo. “Participei mesmo da primeira reunião. Mas não fui às outras. Tive o cuidado de avisar qual posição estávamos tomando.”

 

 

 

 

Oposição vai entrar com representação no TSE por reunião na Alvorada

Fonte: Correio Braziliense- 07/03/2014

A oposição não viu com bons olhos a reunião entre a presidente Dilma Rousseff e o staff da pré-campanha à reeleição promovida no Palácio da Alvorada na tarde de quarta-feira. O uso da residência oficial da Presidência para o encontro foi alvo de críticas de parlamentares e vai ter como efeito colateral uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Estiveram presentes no encontro, entre outros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o marqueteiro João Santana. Pouco depois da reunião, o Instituto Lula divulgou imagens do encontro, o que também foi repreendido pelos políticos ouvidos pela reportagem.

“A representação pede que haja uma punição para a presidente Dilma, porque a lei eleitoral proíbe a cessão de um bem público para fins eleitorais”, argumenta o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), que representará contra a presidente no TSE hoje. O mais grave, no entanto, no entender do parlamentar, é que o encontro tenha ocorrido em plena quarta-feira à tarde. “Se ela tivesse feito a reunião à noite, é a residência dela; não haveria anormalidade. Mas enquanto o Brasil trabalhava, ela cuidava dos interesses próprios da reeleição, e não dos interesses do país.”

O senador José Agripino (RN), presidente do DEM, reforça as críticas: “Pela longevidade no poder, o PT habituou-se a entender que o Estado é propriedade dele. Se julgam donos do poder”.

Por meio de nota, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República (SIP) afirmou que o Palácio da Alvorada não sediou uma “reunião de campanha”. “O que houve foi uma reunião política.” A SIP ressaltou ainda que a foto foi divulgada pelo Instituto Lula, e não pela Presidência. Para o presidente da Comissão Especial de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil, José Campelo, é indiferente quem fez a divulgação do material. “Ainda que ela (Dilma) venha a negar o consentimento (para a publicação), ele é presumível, tendo em vista o grau de relação entre eles. A divulgação, na minha ótica, é um ato de campanha em um momento em que ela é pré-candidata.”

Campelo diz ainda que, caso comprovada a exploração política do encontro, “em benefício de uma candidatura, é obvio que vai de encontro à legislação eleitoral”. O advogado esclarece, no entanto, que a utilização do Alvorada ou de outras instalações oficiais é permitida durante o período de campanha eleitoral — que só começa em 6 de julho. “A reeleição, infelizmente, traz alguns incovenientes”, lamenta. “Como o presidente não precisa se afastar para concorrer, ele pode utilizar do aparato público”, complementa a advogada Karina Kufa, especialista em direito eleitoral.

Dilma volta para Aratu
A presidente Dilma Rousseff decidiu voltar ontem para a Base Naval de Aratu (BA), onde passou o carnaval. Ela ficará no local descansando com a família até domingo, quando deve retornar para Brasília. No início da próxima semana, ela participará, em São Paulo, do lançamento da campanha de vacinação contra o HPV. Depois, viajará para o Chile, para a posse da presidente eleita, Michelle Bachelet.