“O que está em jogo é a destruição do estado de bem-estar social”, ressalta Marques

Presidente do Unacon Sindical denuncia ataques ao serviço público, em audiência pública na CDH do Senado Federal

O Unacon Sindical participou na manhã desta terça-feira, 11 de fevereiro, de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal para discutir a reforma administrativa. Rudinei Marques e Bráulio Cerqueira, presidente e secretário executivo do Sindicato, respectivamente, compuseram a mesa de debates, presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS).

Como não poderia deixar de ser, a fala do ministro Paulo Guedes, que, na última sexta, 7, comparou os servidores públicos a parasitas, foi repercutida na audiência. Aproveitando que o evento foi transmitido em tempo real pela TV Senado, Marques avisou que o pedido de desculpas do ministro, divulgado pelos veículos de imprensa ontem, não repara o dano causado e lembrou, inclusive, que a categoria está há um ano sob ataques. “Nós estamos aqui com a representação que vamos, na sequência, protocolar na Comissão de Ética da Presidência da República para que seja instaurado inquérito para apuração da violação ética cometida pelo ministro, que é um agente público”, considerou.

O presidente do Unacon Sindical ressaltou também que, embora o ataque pareça ser endereçado apenas aos servidores, o que está em jogo é a destruição do estado de bem-estar social.  “Temos quase 2 milhões de brasileiros na fila do INSS sofrendo a espera de suas aposentadorias. Estamos na iminência de viver um apagão em todo no serviço público por falta de pessoal”, advertiu.

 

LANÇAMENTO

Ainda durante o evento, foi lançado oficialmente o estudo “O Lugar do Funcionalismo Estadual e Municipal no Setor Público Nacional”, da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público em parceria com o Fonacate. A publicação é uma nova tentativa de fundamentar, a partir de dados, as discussões em torno da reforma administrativa. Na mesa da audiência, os organizadores do estudo, José Celso Cardoso, presidente da Afipea, e Bráulio Cerqueira, rebateram mitos que têm sido propagados pelo governo.

“Não houve uma explosão do gasto público com pessoal nos últimos anos. Na verdade, o gasto em relação ao PIB se mantém estável há décadas. Todos os argumentos que estão sendo colocados pelo governo se contrapõem à gênese da natureza democrática. Não existe um projeto de desenvolvimento por trás disso, é apenas uma ideia simplória de reducionismo”, ponderou Cardoso. Opinião compartilhada também pelo secretário executivo do Unacon Sindical. Para Bráulio, os objetivos da reforma se limitam à compressão do gasto público e à minimização do Estado.

 

“O governo afirma que o serviço público se distancia da realidade da população, mas a maior parte dos servidores, conforme demostra o estudo, está alocada nos municípios, mais especificamente, nas áreas de Educação, Saúde e Segurança Pública. Isso parece estar deslocado da realidade brasileira?”, questionou.

 

COMISSÃO DE ÉTICA

Após o evento, os dirigentes seguiram em caminhada até o Palácio do Planalto para o protocolo simbólico da representação contra Guedes. Confira a repercussão e acesse a íntegra da peça em breve aqui no nosso site. Assista, abaixo, vídeo completo da audiência pública.