Ato público pela recomposição salarial lota o auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados

Mais de 600 pessoas participaram da atividade realizada nesta terça-feira, 31. Dezenas de parlamentares e dirigentes sindicais se revezaram na tribuna para criticar a ausência de política salarial por parte do governo federal

A mobilização dos servidores públicos federais em prol da recomposição salarial demonstrou força e união nesta terça-feira, 31. Com o auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, lotado, congressistas e dirigentes sindicais ocuparam a tribuna para criticar a política de desmonte do serviço público em curso e defender a valorização dos servidores. O presidente e o secretário executivo do Unacon Sindical, Bráulio Cerqueira e Rudinei Marques, respectivamente, lembraram que a má gestão não se restringe à questão de pessoal na Administração Federal e tem atingido todos os setores da sociedade.

“Estamos em greve no Tesouro Nacional e na Controladoria-Geral da União porque a gestão de pessoal e a política remuneratória do governo federal são desastrosas”, afirmou Cerqueira, que ressaltou, ainda, como repercutido pelo portal Hora do Povo, que todos os trabalhadores vêm acumulando perdas injustificáveis nos últimos anos. “Esse é o único governo que, desde o Plano Real em 1994, vai terminar com o salário mínimo menor do que no início da gestão. As perdas do funcionalismo nesse período são superiores a 25%, isso se contar só o IPCA”, pontuou.

Marques lembrou que o desmonte do Estado, com a desmobilização de recursos financeiros e de pessoal, acontece na contramão da crescente demanda da população por serviços públicos. “O país nunca precisou tanto do serviço público, para enfrentar a crise sanitária, a crise econômica, a crise na educação e em outras áreas. Ao mesmo tempo, o serviço público nunca foi tão atacado”. O secretário executivo do Sindicato apresentou dados da queda na taxa de reposição no serviço público – exibida como um troféu pela equipe econômica – , do encolhimento do gasto com pessoal na União, que passou de 4,8% do PIB em 2002 para 3,8% em 2022, e da redução no número de servidores (650 mil em 1991 contra 570 hoje) e conclui: “é hora de dar um basta, de dizer chega”.

Na mesma linha dos dirigentes do Unacon Sindical, os deputados Enio Verri (PT-PR) e Bohn Gass (PT-RS) avaliaram que os ataques aos servidores públicos atingem toda a população.  “O que me indigna é a criminalização do servidor e do serviço público. Ao não valorizar, ao não fazer concurso público, ao não dar reposição, o governo (dá seguimento) à entrega do Estado à iniciativa privada”, afirmou o congressista gaúcho. “Estamos vivendo a destruição da Constituição e do Estado. A Reforma Trabalhista, a reforma da Previdência, e a votação de projetos que destroem o conceito de nação, pavimentam o caminho para o estado mínimo. A  reforma administrativa é a cereja do bolo, pois não atinge apenas servidores, atinge os mais pobres, ao impedir  que o Estado intervenha na redução das desigualdades”, acrescentou Verri.

As consequências da política de desvalorização do funcionalismo foram enfatizadas, ainda, pela deputada Luiza Erundina  (PSOL-SP).  “O povo depende do servidor público para ter garantido os seus direitos. Portanto, lutar pelos direitos do servidor público, em última instância, é lutar pelos direitos do povo.”

O ato público repercutiu na imprensa. Além do portal Hora do Povo, o Brasil de Fato  e o jornal Correio Braziliense também destacaram a mobilização dos servidores em prol da recomposição das perdas inflacionárias.

Assista à íntegra da atividade abaixo.