Presidente do Unacon Sindical ressalta avanços e defende revisão de benefícios no Executivo
Rudinei Marques destaca disposição do governo para negociar e reforça articulação sindical pela equiparação com outros Poderes
Em entrevista ao Jornal Extra, Rudinei Marques, presidente do Unacon Sindical, afirmou que os reajustes salariais conquistados nos últimos anos abriram espaço para a revisão de benefícios, como o auxílio-alimentação. Ele destacou que, com a articulação sindical, a pauta tem ganhado força e que o governo demonstra disposição real para negociar. Para Marques, garantir a ampliação dos benefícios é essencial para reduzir a disparidade entre os servidores dos três Poderes.
Veja a matéria na íntegra abaixo:
Jornal Extra
Por Gustavo Silva — Rio de Janeiro
27 de abril de 2025
Servidores do Executivo pressionam governo por equiparação de benefícios com Judiciário e Legislativo
Em 2025, a principal demanda dos servidores federais é a equiparação dos benefícios entre os Três Poderes da União, especialmente o auxílio-alimentação. Enquanto o Poder Executivo paga R$ 1.000,00 mensais, o Legislativo e o Judiciário oferecem R$ 1.784,42. Para reduzir a disparidade, em maio do último ano, o governo federal corrigiu os valores dos benefícios em 51%, elevando o auxílio-alimentação de R$ 658,00 para R$ 1.000,00, com previsão de reajustes adicionais até 2026.
É na Mesa Nacional de Negociação Permanente, coordenada pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), em que esse tipo de debate pode ser levantado pelas entidades representativas das categorias. O pedido formal por equiparação chegou a ser protocolado na reabertura do espaço, realizada em fevereiro. No próximo encontro, previsto para o início de maio, os sindicatos vão indicar urgência para a implementação da medida. No entanto, a efetivação das propostas enfrenta desafios como limitações orçamentárias e resistências políticas.
Proposta ganha força
Rudinei Marques, presidente do Fórum das Carreiras de Estado (Fonacate), lembrou que os reajustes salariais aprovados para os próximos anos abrem a possibilidade de revisar benefícios como o auxílio-alimentação. Marques destacou ainda que, por meio da articulação dos sindicatos, a proposta tem ganhado força.
– Estamos conversando com o governo, buscando ampliar a representatividade e garantir que as propostas sejam atendidas de forma justa e rápida – afirmou.
Na avaliação do representante, a União tem demonstrado disposição real para negociar.
– A prova disso é que saímos das negociações salariais de 2023 e 2024 com ganhos reais em relação à inflação do período do atual governo.
Dificuldade e impacto orçamentário
O advogado especialista em administração pública Alexandre Prado destacou a importância da equiparação entre os Três Poderes. Ele apontou que a diferença nos benefícios não se justifica, principalmente porque “não parece justo não ser equiparado, tendo em vista que o gasto para se alimentar é assemelhado, independentemente do Poder que o servidor está vinculado”.
Para ele, a equiparação seria um passo necessário para corrigir um desequilíbrio histórico, mas também frisou que a proposta precisa ser acompanhada de ações concretas, que envolvem ajustes no orçamento e, eventualmente, modificações legislativas.
– O impacto para atendimento do incremento no benefício é bem grande levando-se em consideração que temos mais de 200 mil servidores ativos. Há dois fatores importantes que devem ser analisados. Se por um lado aumenta-se a despesa orçamentária, do outro lado tem-se o ganho de renda para esses servidores girando a economia do País. Há necessidade constante de monitoramento para saber os reais impactos práticos na economia, pois se for apenas no campo teórico, a recomposição salarial e equiparação das remunerações entre os poderes não é sustentável a longo prazo.
Dirigente acusa falta de respostas concretas
O dirigente da Fonasefe João Paulo Ribeiro foi crítico em relação à “falta de respostas concretas do governo”. Para ele, a situação reflete uma resistência política à implementação de medidas que favoreçam os servidores.
– O governo está mais ouvindo e não dá retorno. A falta de respostas concretas é algo que dificulta muito a nossa mobilização – destacou Ribeiro.
Ele também questionou a atual composição das comissões que discutem o serviço público, apontando que a ausência de representantes legítimos dos servidores nessas instâncias prejudica a efetividade das negociações e, por consequência, o avanço na implementação de medidas de valorização.
– A representatividade dos servidores é fundamental. Sem ela, as decisões tomadas nas comissões não refletem as reais necessidades da nossa categoria.
Outro lado
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, responsável pelas negociações com os servidores, foi procurado para comentar as demandas e os desafios da equiparação dos benefícios.
Contudo, até o fechamento desta matéria, não houve manifestação oficial por parte do órgão.