Servidores evocam santidades para ‘interpretar’ sinais do governo

Funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que estão em estado de greve, realizaram um protesto inusitado na manhã desta terça-feira na frente do Ministério do Planejamento. Fantasiados como figuras que representam várias religiões e credos, os servidores públicos pediam repostas do governo sobre a estruturação do plano de carreira dos especialistas em meio ambiente.

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Bruxa, mães de santo, padre, cigana e outros personagens místicos e religiosos foram escolhidos pelos manifestantes para interpretar os sinais que, segundo eles, o governo diz que está enviando. “O governo diz que está nos enviando sinais do plano de estruturação da nossa carreira e, como não estávamos recebendo esses sinais, resolvemos apelar para quem geralmente sabe interpretá-los”, afirma Lilian Ferreira, integrante da Associação dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA no Distrito Federal (Asibama-DF).

O protesto ainda contou com a adesão de outras categorias que já deflagraram greves, como os professores federais e os funcionários do Hospital das Forças Armadas de Brasília. “A nossa rodada de negociação era para hoje, mas foi desmarcada. Ainda esperamos um retorno”, conta Lilian.

Os manifestantes prometem que, se o governo começar a dialogar com a categoria sobre a estruturação do plano de carreira, farão uma lavagem simbólica da entrada do prédio do Ministério do Planejamento. O protesto, chamado pelos servidores de “Interpretando Sinais”, começou no meio da manhã e se estendeu pela tarde desta terça-feira à espera de retorno do governo sobre a rodada de negociações.

O movimento grevista
Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais aumentaram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias estão em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o movimento atinge 28 órgãos, com 370 mil servidores sem trabalhar. O número, no entanto, é contestado pelo governo.

Estão em greve servidores da Polícia Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.

O Ministério do Planejamento declarou que está analisando qual o “espaço orçamentário” para negociar com as categorias. O governo tem até o dia 31 de agosto para enviar o projeto de lei orçamentária ao Congresso Nacional. O texto deve conter a previsão de gastos para 2013.

No dia 25 de julho, a presidente Dilma Rousseff assinou decreto para permitir a continuidade dos serviços em áreas consideradas delicadas. O texto prevê que ministros que comandam setores em greve possam diminuir a burocracia para dar agilidade a alguns processos, além de fechar parcerias com Estados e municípios para substituir os funcionários parados.