Entidade diz que orientará servidores a rejeitar proposta do governo

União das Carreiras de Estado reúne 22 categorias de servidores federais. Proposta de reajuste é de 15,8%, a serem pagos nos próximos três anos

Priscilla Mendes

Do G1, em Brasília

A União das Carreiras de Estado (UCE) informou nesta segunda-feira (20) que orientará os sindicados vinculados à entidade a rejeitar a proposta do governo federal de reajuste salarial de 15,8% divididos em três anos. Insatisfeitas com a oferta, as categorias deverão analisar a proposta durante assembleias nesta e na próxima semana.

A UCE representa 22 categorias de carreiras de estado, entre as quais delegados, agentes e peritos da Polícia Federal, auditores fiscais da Receita Federal, servidores do Ministério do Planejamento, do Ministério de Relações Exteriores e do Banco Central, técnicos do Tesouro, defensores públicos, oficiais de inteligência, além de funcionários de agências reguladoras.

Em nota divulgada nesta segunda-feira, a UCE informou que decidiu por unanimidade encaminhar pela rejeição da proposta do governo porque a oferta é “insuficiente” e “sequer atende à reposição das perdas inflacionárias, conforme exigência da Constituição Federal”.

As categorias tomaram a decisão após diversas reuniões com o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça. Ele realiza desde terça-feira (14) uma série de conversas com sindicatos para negociar reajustes e criação de planos de carreiras com o objetivo de por fim à greve de dezenas de categorias.

‘Limite’

Por meio de sua assessoria, o Ministério do Planejamento informou nesta segunda (20) que o reajuste de 15,8% dividido em três anos é o “limite” que o governo tem a oferecer e que não há “espaço orçamentário para avançar na proposta”.

“A proposta de 5% a cada ano, a partir de 2013 até 2015, faz que com que se abra mão da inflação passada, entre o último reajuste, que foi em julho de 2010, até o próximo reajuste”, disse Pedro Delarue, coordenador da UCE e presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco).

Segundo Delarue, a reposição da inflação passada para os auditores da Receita Federal – categoria que ele representa – geraria impacto na folha de pagamento da União de, no máximo, R$ 9 bilhões nos próximos três anos. Essa cifra, de acordo com o presidente, poderia ser “facilmente” arrecadada pela Receita por meio de fiscalização.

“O governo pode escolher entre uma Receita Federal motivada e arrecadando ou uma Receita desmotivada para fazer seu trabalho bem feito”, afirmou.

Os grevistas têm pressa em negociar com o governo porque termina no dia 31 de agosto o prazo para o governo incluir reajustes com pessoal e enviar para o Congresso o Projeto de Lei Orçamentária de 2013.

Negociações

Nesta segunda-feira, Sérgio Mendonça apresentou a proposta de 15,8% em três anos para servidores do Ministério de Ciência e Tecnologia, do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI),do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além de fiscais agropecuários e controladores de voo.

Segundo assessoria da Secretaria de Relações do Trabalho, há ao menos outras nove reuniões marcadas para esta terça-feira (21), como o Sindicato Nacional dos Servidores do Itamaraty (Sinditamaraty), o Sindicato Nacional das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama).

Entre as entidades recebidas, está também a Federação Nacional dos Policiais Federal (Fenapef). Insatisfeita com a proposta do Planejamento, a entidade que representa agentes, escrivães e papiloscopistas entrou em operação-padrão na semana passada e fez com que a Advocacia-Geral da União entrasse na justiça contra a medida. O Superior Tribunal Federal deferiu o pedido do governo e proibiu operações-padrão em todos os aeroportos, portos e fronteiras do país sob pena de multa diária de R$ 200 mil.