Autor: Ana D’Angelo
Correio Braziliense – 08/03/2012
Funcionários do órgão protestam hoje contra farra dos conselhos de empresas e corte de direitos da categoria
Os servidores da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) estão em pé de guerra com a direção do órgão. Eles fazem hoje assembleia, em frente ao prédio da STN, para protestar contra o que taxam de condutas autoritárias. A cúpula vem adotando medidas que afetam as condições de trabalho dos funcionários, como restrições para que deem aula fora do expediente, falta de transparência na escolha dos conselheiros fiscais e de administração das empresas públicas e privadas em que a União tem participação, além do fechamento do restaurante interno.
Na semana passada, o subsecretário de Assuntos Corporativos, Líscio Camargo, responsável pelo setor de pessoal, suspendeu, por tempo indeterminado, a concessão de licença-capacitação de três meses aos servidores do Tesouro, destinada a cursos de idioma no exterior. O benefício é direito do funcionalismo federal a cada cinco anos trabalhados, mas a data para que possam usufruir da licença fica a critério de cada órgão.
O presidente da União dos Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacom Sindical), Rudinei Marques, afirmou que a suspensão da licença-capacitação, é uma retaliação aos servidores que estão cobrando explicações da direção sobre a farra dos conselhos de estatais, denunciada pelo Correio em janeiro. Os cargos estão concentrados nas mãos dos subsecretários. Com isso, eles estão embolsando remuneração total de R$ 33 mil a R$ 51 mil, acima do teto constitucional do funcionalismo, que é o vencimento do ministro do Supremo Tribunal Federal, hoje em R$ 26.713.
Líscio Camargo, por exemplo, embolsa salário de R$ 36,4 mil no total, graças aos jetons como conselheiro de duas empresas. O subsecretário de Política Fiscal, Marcus Aucélio Pereira, participa de três conselhos de empresas e ainda faz um bico no Comitê de Auditoria do Banco de Brasília, onde recebe R$ 16,4 mil para participar das reuniões mensais durante o expediente no Tesouro. A União não tem participação no BRB. A remuneração total de Pereira é de R$ 51 mil. Nem o Tesouro nem o Ministério da Fazenda se pronunciaram sobre os protestos. Mas se sabe que o ministro Guido Mantega, que está sob intenso tiroteio, anda preocupado com o que se passa dentro do Tesouro.