CGU afirma que vai rever auditoria de cartão de Gregolin

          O ministro Jorge Hage, da Controladoria Geral da União, afirmou que a CGU irá rever a apuração das contas de cartão de crédito do ministro Altemir Gregolin (Pesca), por conta de possíveis incongruências entre a agenda e as novas informações do Portal da Transparência sobre as datas das compras.
          A nova checagem buscará confirmar se ele estava trabalhando em pelo menos oito finais de semana nos quais usou o cartão. A apuração anterior da CGU concluiu que não houve irregularidades, apenas duas “impropriedades”.
          O resultado sobre o uso do cartão corporativo pela ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) deve ser concluído até sexta. Restará apenas as contas do ministro Orlando Silva (Esportes), que surpreendeu a CGU com a devolução de todos os gastos, mas espera a restituição dos gastos aprovados.
          Hage também defendeu a abertura dos gastos em cartão corporativo das estatais. Questionado anteontem sobre a questão no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, ele disse que a CGU “está caminhando” para abrir cartões da Petrobras.
          Conforme mostrou a Folha ontem, a Petrobras, o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste usam os cartões corporativos, mas não há transparência.
          Na Petrobras, são 35 cartões, sete deles em mãos do presidente e de diretores. No BB, são usados 1.841 cartões e as despesas somaram R$ 4,3 milhões em 2007. No Banco do Nordeste, os cartões estão com diretores e superintendentes.

          Gestões
          Hage também afirmou anteontem que não há diferença nas “caixas-pretas” das “contas tipo B” das gestões Fernando Henrique (1995-2002) e do atual governo Lula -essas contas movimentam mais dinheiro que os cartões, mas não há informações públicas sobre usuários e suas despesas.
Para disputar o controle da CPI dos Cartões, governistas fazem ameaças veladas sobre supostas irregularidades nas contas da gestão FHC. Hage não entrou no mérito do embate político, mas admitiu que não há diferenças entre a falta de transparência e falhas de controle entre os governos.
          “Não tem diferença nenhuma. A conta tipo B, do ponto de vista de transparência pública, é caixa-preta, não tem como expô-la”, afirmou.
A fiscalização externa é feita por amostragem das prestações de contas dos funcionários. Em 2007, R$ 99,5 milhões foram gastos dessa forma, comparados com os R$ 78 milhões em cartões. Em 2002, R$ 229,5 foram gastos em contas, contra R$ 3,6 milhões nos cartões, que foram criados no ano anterior.