Servidores do Tesouro Nacional entram oficialmente em greve
Segundo Fernando Antunes, da Unacon, CGU também já está em greve.
Paralisação no Tesouro pode atrasar pagamentos, repasses e dificultar leilões, diz ele.
Técnicos e analistas do Tesouro Nacional, que já vinham realizado paralisações desde a última semana, entraram em greve formal por tempo indeterminado desde esta quarta-feira (25) à noite, informou nesta quinta (26) o presidente da União Nacional dos Analistas e Técnicos (Unacon), Fernando Antunes.
Os servidores da Controladoria Geral da União (CGU), por sua vez, já estavam em greve desde a semana passada. A categoria, que engloba as duas carreiras (Tesouro e CGU), realizou manifestação em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília nesta quinta.
Salários
O pedido inicial dos servidores do Tesouro e CGU, segundo Antunes, era equiparação salarial com os funcionários da Receita Federal. Entretanto, o próprio presidente da Unacon disse que a categoria aceita negociar. “A gente já desistiu de 100% de equiparação”, admitiu ele.
Atualmente, os servidores do Tesouro e CGU tem um salário inicial de R$ 8,5 mil. A proposta do governo é que o salário inicial atinja, por meio de reajustes escalonados em três anos, R$ 12,9 mil em 2010, mas o sindicato pede que ele avance até R$ 13,3 mil no último ano do governo Lula. Os servidores da Receita, por sua vez, receberão R$ 13,6 mil em 2010, conforme acordo fechado com o governo recentemente.
“O Tesouro Nacional parado, é o PAC parado. A CGU parada, é o PAC sendo roubado”, disse Antunes, durante manifestação que aconteceu em frente ao Ministério da Fazenda. Ele acrescentou que a categoria é a favor do corte de ponto de servidores públicos em greve.
Impactos da greve
O presidente da Unacon disse que os impactos da paralisação do Tesouro Nacional, que acontece desde a última semana, mas que se tornou greve somente nesta quarta (25), já estão acontecendo.
Ele lembrou que o Tesouro Direto, programa do governo de venda de títulos públicos para pessoas físicas pela internet, já não está funcionando corretamente. As vendas estão paralisadas desde a última semana, sendo feitas somente operações de recompra. Além disso, não foi divulgada nesta quarta-feira (25), ao contrário do previsto, nota à imprensa sobre o comportamento da dívida pública no mês de maio.
O presidente do Sindicato disse ainda que o leilão de títulos públicos, previsto para quarta-feira (25), não teria ocorrido justamente por conta do movimento. “O Tesouro informa que foi um problema técnico. Não acredito nisso. Eu acredito que foi falta de pessoal”, disse Antunes a jornalistas. Para a próxima semana, ele diz que os leilões de títulos públicos para o mercado financeiro, e empresas, podem até acontecer, mas com ajuda de servidores do BC.
Com a greve oficialmente decretada, Antunes informou que a Unacon pode alocar os 30% de servidores, que terão de permanecer trabalhando, onde escolher. “Não colocaremos servidores na dívida pública e na programação financeira”, disse ele. Com isso, poderá haver algum atraso no pagamento de salários dos servidores públicos, previsto para ter início na próxima segunda-feira (30), e nos repasses de recursos a estados e municípios – prevista para esta sexta (27). Neste último caso, a demora pode ser de até 24 horas, disse ele.
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