Fernando Antunes conversa com site da Folha de S. Paulo sobre greve da categoria

Greve do Tesouro deve afetar leilões, repasses e salário de servidores

Os funcionários em greve do Tesouro Nacional e da CGU (Controladoria Geral da União) prometem atrasar o pagamento de salários dos servidores federais e os repasses para estados e municípios a partir deste semana. O movimento também deve continuar afetando os leilões de títulos da dívida pública.


Os grevistas negociam com o governo equiparação salarial com os funcionários da Receita Federal.

Os servidores da CGU já estão em greve desde a semana passada. Os do Tesouro, que já haviam paralisado as atividades desde a última semana, decidiram ontem entrar em greve.

Durante a paralisação, o número mínimo de funcionários obrigados a trabalhar (30%) estava alocado de acordo com a determinação do Tesouro Nacional, ou seja, nas áreas mais importantes. Agora, no entanto, o movimento passa a ser regido pela lei de greves e promete deslocar esses mesmos funcionários para outras áreas.

Segundo o presidente do Unacon (sindicato da categoria), Fernando Antunes, há um entendimento de que não haverá servidores nas áreas responsáveis pelos leilões semanais do Tesouro, pela liberação de dinheiro para o pagamento dos servidores federais e pelos repasses para estados e municípios.

“Nem todos os ministérios devem pagar os funcionários no mesmo dia. Nos Estados e municípios, o problema mais sério é com a análise de projetos”, afirmou.

Ele diz também que as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) podem ser afetadas. “O Tesouro parado, é o PAC parado. A CGU parada, é o PAC sem fiscalização”, afirmou.

O sindicato diz ainda que as vendas de títulos públicos na internet para pessoas físicas por meio do Tesouro Direto devem continuar paradas. Apenas as recompras, para os investidores que querem revender os títulos ao governo, estão sendo feitas, sempre às quartas-feiras.

Reivindicação

Os analistas de finanças do Tesouro e da CGU tem hoje salário inicial de R$ 8.500. Já na Receita, o valor inicial é de R$ 10,2 mil.

Fernando reconheceu que são salários altos, mas disse que a diferença de valores faz com que cerca de 30% dos analistas aprovados em concursos acabem migrando posteriormente para a Receita, no que ele chamou de “canibalização de carreiras”.

Ele disse que o sindicato aceita um escalonamento com percentuais menores, de 93% em 2008 até 98% do salário da Receita em 2010. “A gente já abriu mão dos 100% de equiparação.”

O sindicato fez hoje uma manifestação em frente ao Ministério da Fazenda, onde deve se reunir no final da tarde com o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.