Para especialistas, aperfeiçoamento do programa de gestão passa por mudança de cultura na Administração

Debate, realizado na última sexta, 18, contou com a participação do EPPGG Roberto Pojo e do técnico do IPEA Pedro Miranda

Visando promover o debate sobre caminhos para o aprimoramento e os desafios dos programas de gestão de demandas na Administração Federal, o Unacon Sindical promoveu, na última sexta-feira, 18 de novembro, webinar com a participação do cientista político e especialista em políticas públicas e gestão governamental (EPPGG), Roberto Pojo, e o economista e técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Pedro Miranda. A atividade fez parte da programação da segunda reunião do Conselho de Delegados Sindicais (CDS).  

Para os especialistas, a primeira barreira para o aprimoramento das sistemáticas é a quebra de paradigma sobre o papel e as responsabilidades do servidor. “O teletrabalho surge quase que como uma premiação ao servidor e, com essa visão, as regras iniciais colocavam um conjunto muito consistente de contrapartidas, além da limitação do uso do teletrabalho. Se tinha uma ideia, totalmente  distorcida do servidor em teletrabalho”, contextualizou Roberto Pojo, ao relembrar a implementação repentina em face da pandemia de Covid-19.  

O EPPGG destacou, ainda, as potencialidades do programa de gestão como ferramenta de melhoria das entregas das instituições e defendeu a aferição do desempenho a partir desse olhar mais amplo. “O foco do desempenho tem que estar na entrega da unidade, uma vez que o trabalho de um servidor isolado não resulta, necessariamente, em uma entrega para a sociedade. Cada unidade precisa olhar para suas entregas, fazer o planejamento dessas entregas e desdobrar isso nos planos de trabalho dos servidores. Tudo isso tem que estar alinhado ao planejamento estratégico do órgão.” 

Roberto Miranda compartilhou a experiência de implementação no IPEA, que hoje tem adesão de 70% dos servidores aptos. Sobre os desafios, pontuou a necessidade de aprimoramento dos instrumentos de avaliação e a garantia da infraestrutura para o teletrabalho, principalmente no que tange à segurança da informação.  

O presidente do Unacon Sindical, Bráulio Cerqueira, destacou que o fim das restrições sanitárias absolutas abriu espaço para a criação de sistemas híbridos e trouxe questionamentos sobre flexibilidade e isonomia. “Precisamos estabelecer um diálogo contínuo com a Administração para que os arranjos sejam satisfatórios para a instituição e também para o servidor”, considerou.  

A flexibilização do modelo de trabalho (remoto ou presencial) de acordo com a realidade de cada unidade foi defendida pelos especialistas. O que, conforme ponderaram, não deve influenciar as entregas. 

A avaliação do presidente do CDS, Filipe Leão, seguiu na mesma linha. “Muitas vezes, enrijecer para um único modelo não garante a entrega de serviços de qualidade para a população. Precisamos aperfeiçoar esse modelo, que se consolidou, com erros e acertos, na pandemia. O debate não termina aqui, vai perdurar, pois os desafios estão colocados.” 

Assista à íntegra do debate abaixo.