Governo garante reajuste do funcionalismo para 2010, revela jornal

      Matéria publicada, ontem dia 1° de setembro, em jornal de grande circulação no País, mostra que o relatório da proposta de Lei Orçamentária (LOA) para 2010 enviado no último dia 31 pelo governo ao Congresso Nacional garante os reajustes prometidos aos servidores públicos federais.   
 

      Segundo a matéria, “o Palácio do Planalto preservou os recursos destinados ao crescimento nominal com a folha de pagamento”, assegurando assim os gastos com os servidores. A matéria revela ainda que o Palácio do Planalto “está disposto a brigar no Congresso pela manutenção dos reajustes”. Segue na íntegra matéria publicada no jornal Correio Braziliense:


 Orçamento próDilma

Governo deixa crise para trás, projeta crescimento de 4,5% em

2010, turbina as receitas e garante aumento a funcionalismo em

ano eleitoral

 

 

 

O Orçamento preparado para o último ano de governo do

presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê a crise econômica pelo

retrovisor e blinda áreas consideradas estratégicas. Enviado

ontem ao Congresso Nacional, o relatório traça cenários

otimistas para 2010, como inflação baixa, juros estáveis,

receitas e investimentos públicos em alta. Dentro da previsão

oficial de gastos, as prioridades são as políticas sociais, as

obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e os

reajustes prometidos ao funcionalismo federal.

A elaboração da proposta tomou como referência dados

recentes que indicam a recuperação dos principais setores

produtivos, além da retomada sustentável do consumo e do

emprego. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse

que o texto é realista. “Ficamos tentados a botar 5% para o

Produto Interno Bruto (PIB), até porque muita gente já está

falando nisso por aí, mas achamos melhor ficar nos 4,5%

mesmo”, explicou.

Além da recuperação do crescimento, a peça orçamentária

prevê que o dólar ficará em R$ 2,01, a taxa básica de juros

(Selic) se manterá em 8,75% e o Índice de Preços ao

Consumidor Amplo (IPCA) — a inflação utilizada pelo sistema de metas — encerrará o período

em 4,33%. Segundo Bernardo, as transferências de recursos da União para os estados

também devem melhorar. Em um ano eleitoral, essa é uma sinalização importante para os

partidos que pretendem apoiar a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à

Presidência da República.

A perspectiva de que o pior já passou motivou o governo a turbinar as previsões de receitas e

despesas primárias: em 2010, a intenção é arrecadar R$ 853 bilhões e gastar R$ 802 bilhões.

O aumento dos investimentos federais e aqueles bancados pelas empresas estatais segue a

mesma lógica. A estimativa é injetar R$ 46 bilhões — R$ 7 bilhões a mais do que em 2009 —

em recursos fiscais, e desembolsar outros R$ 97 bilhões em novos investimentos por meio das

empresas públicas, acima dos R$ 79,4 bilhões definidos para 2009.

Salários

Os gastos com os servidores estão assegurados. Na complexa equação entre receitas e

despesas esperadas para o próximo ano, o Palácio do Planalto preservou os recursos

destinados ao crescimento nominal com a folha de pagamento. De acordo com o ministro

José Cruz/ABr

Paulo Bernardo entrega proposta

a Sarney, que prevê investimentos

de R$ 97 bilhões pelas estatais

Paulo Bernardo, tudo foi considerado e as contas públicas permanecerão sob controle.

“Mantivemos os gastos com pessoal assim como fizemos em 2009. Como proporção do PIB

essa conta vai ficar estável. Não vai haver esse aumento todo”, completou.

A ampliação das despesas com o funcionalismo é o que mais preocupa os analistas de

mercado. Os reajustes salariais autorizados em 2008 — e que beneficiam cerca de 1,8 milhão

de servidores — têm impacto estimado em R$ 29 bilhões neste ano e de R$ 40 bilhões em

2010. Cerca de 60 carreiras do Executivo federal já receberam parcelas do reajuste nos

contracheques. Novos percentuais estão previstos para incidir sobre as remunerações dos

servidores no próximo ano. De olho na sucessão de Lula, o Palácio do Planalto está disposto a

brigar no Congresso pela manutenção dos reajustes.

Dentro do Orçamento 2010 estão reservados aproximadamente R$ 23 bilhões ao PAC. O

programa Minha Casa, Minha Vida conta com pelo menos R$ 10 bilhões em subsídios.

Orientados pelo governo, os partidos da base aliada vão proteger essas verbas contra qualquer

tentativa de corte. Bernardo admitiu que a tarefa não será fácil, especialmente por causa do

clima de enfrentamento instalado no Senado e pela proximidade das eleições presidenciais.

“Sempre que tem eleição o pessoal fica mais agitado para votar, mas não vejo motivo para não

votar”, reforçou.

O relatorgeral,

deputado Geraldo Magela (PTDF),

disse que o Orçamento deverá ser votado

até 22 de dezembro. Magela pretende se reunir com os colegas nas próximas semanas para

definir o plano de trabalho a ser seguido. O parlamentar reforçou que a disposição é aprovar o

Orçamento dentro dos prazos para evitar o desgaste provocado pelo início antecipado do

debate eleitoral. Magela destacou ainda que as despesas prioritárias são “intocáveis” dentro do

projeto original enviado pelo Executivo.

Parâmetros

IPCA 4,33%

Taxa Selic 8,75%

Câmbio (R$/US$) 2,01

PIB 4,5%

Investimentos das estatais R$

97 bilhões

Investimento fiscal R$

46 bilhões

Receita primária R$

853 bilhões

Despesa primária R$

802 bilhões

Fonte: Ministério do Planejamento