MP ou PL?

Estive no Palácio do Planalto nesta segunda-feira. Ao fim da reunião de coordenação política com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um ministro que despacha com ele dia sim, dia também – e que tem excelente trânsito no Congresso Nacional – respondeu algumas perguntas que fiz.

__ “O que interessa é o produto”, disse o ministro.


__ Sim, mas por medida provisória a coisa sai mais rápido, retruquei.

__ “Tá, mas houve um mal entendido (MP da Pesca). Insistir em um mal entendido pode complicar”, respondeu o ministro.

__ Certo. Mas com que cenário o governo trabalha afinal de contas? Os aumentos estão acertados e prometidos para serem pagos na folha de agosto. Por projeto de lei, todos sabem, demora muito, insisti.

__ “Não se você tiver acordo. Pode votar rapidinho. Em dois dias”, afirmou o ministro.

__ Mas o PL do dinheiro extra ao Orçamento levou quase duas semanas para ser votado. E havia acordo com a oposição.

__ “Vamos falar com o Chinaglia (presidente da Câmara). Ele vai dizer o que quer. O que é melhor”, completou o ministro.

Moral da história

O que o governo quer é aprovar o reajuste dos cerca de 300 mil servidores que aguardam pela conclusão da rodada de aumentos iniciada em maio.

Nem quem fala com Lula todo santo dia sabe ao certo se será por projeto de lei ou medida provisória. Na cabeça dos políticos, tanto faz.

Chinaglia, que não gosta nem um pouco de MP, será o fiel da balança. É ele quem está medindo a temperatura do Congresso nesses tempos em que a oposição faz birra e a base governista dá passos em falso. O ministro das Relações Institucionais, José Múcio, foi escalado por Lula para conversar com Chinaglia.

Mas mesmo o presidente da Câmara poderá ser convencido de que, para limpar a barra de todos, o melhor é estender o tapete vermelho e receber as duas medidas provisórias.

Para isso, basta que a famigerada MP da Pesca seja retirada pelo Palácio do Planalto e reenviada ao Parlamento na forma de projeto de lei.