Marques reage à declaração de Guedes: ‘parasitas são operadores de mercado que ganham dinheiro no Estado’

Em entrevista ao jornal O Dia, o presidente do Unacon Sindical, respondeu à fala do ministro da Economia que comparou nesta sexta, 7, os servidores públicos a “parasitas”

O funcionalismo público reagiu à declaração dada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta sexta-feira, quando comparou o servidor a um parasita. “O hospedeiro está morrendo. O cara virou um parasita”, disse. Em contrapartida, entidades de diversas categorias estão repudiando a fala de Guedes. E estudam ainda mover na Justiça uma ação de assédio contra o ministro.

Presidente do Unacon Sindical e do Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques classificou a crítica como “uma agressão gratuita e desmedida que insulta os 12 milhões de servidores públicos brasileiros”. E disse ainda que parasitas são operadores de mercado que vão para o setor público.

“Se há parasitas na administração pública são os operadores de mercado que vêm ganhar dinheiro no Estado em vez de se preocuparem com a prestação de serviços de boa qualidade para a população. O colapso no atendimento do INSS é um atestado da incompetência do sr. Paulo Guedes para tratar questões triviais da administração pública”, declarou Marques.

Ele disse ainda que o Fonacate emitirá em breve uma nota pública e que já está acionando o seu departamento jurídico para avaliar a possibilidade de uma ação contra assédio institucional.

O presidente do fórum lembrou que, na próxima terça-feira, haverá audiência pública da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, na Comissão de Direitos Humanos do Senado, e que “a ofensa do ministro” será denunciada no encontro.

A frente é coordenada pelo deputado Professor Israel Batista (PV-DF), que tem defendido a estabilidade de servidores, e já disse que os trabalhos da frente são para assegurar direitos do funcionalismo, além de melhorar a prestação de serviços públicos.

 

CONTEXTO

No seminário na FGV, Paulo Guedes também criticou os reajustes automáticos. “A população não quer isso (correção remuneratória anual) Inclusive, 88% da população brasileira é a favor de demissão no funcionalismo público”, declarou ele em referência à pesquisa recente do Datafolha.

“O hospedeiro está morrendo. O cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático”, disparou.

 

REPÚDIO DE ENTIDADES

Entidades estão publicando notas de repúdio à fala do ministro. A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco Nacional), por exemplo, declarou que “repudia veementemente as declarações do Sr. Paulo Guedes, Ministro da Economia, que comparou os servidores públicos a parasitas”.

“Se partilhássemos da descompostura do ministro, poderíamos compará-lo a um serviçal do mercado, que promove a falência do Estado em detrimento do povo brasileiro. Falta não só elegância ao ministro Guedes, como patriotismo”, diz a nota.

A Unafisco disse que a classificação feita por Guedes é “rasa e generalizada, porque os auditores fiscais da Receita Federal exercem com orgulho e lisura suas atribuições sempre buscando a justiça fiscal e a proteção da economia nacional, seja na fiscalização e arrecadação dos tributos internos, seja na fiscalização do fluxo de nosso comércio internacional e de nossas fronteiras”.

E concluiu, dizendo que o ministro vem praticando “assédio institucional” que já ultrapassa os limites legais e merece reação à altura.