Na primeira assembleia de 2021, afiliadas definem estratégias para enfrentar PEC 32/2020

Também foi discutida a Proposta de Emenda à Constituição 186/2019, conhecida como a PEC Emergencial, que a qualquer momento pode ser apreciada pelo Congresso. Avaliação geral é de que não há legalidade na medida

Na primeira Assembleia Geral de 2021, realizada por videoconferência na tarde desta terça-feira, 9 de fevereiro, as entidades que compõem o Fórum Nacional de Carreiras de Estado (Fonacate) aprovaram as estratégias de atuação para enfrentar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, que trata da reforma da Administração Pública. Bráulio Cerqueira, presidente do Unacon Sindical, participou do encontro. Rudinei Marques, secretário executivo no Sindicato, conduziu a reunião na condição de presidente do Fórum.

Uma das primeiras deliberações foi o apoio do Fonacate ao novo mandado de segurança que será impetrado por parlamentares da Frente Servir Brasil, no Supremo Tribunal Federal (STF), para suspender a tramitação da PEC 32/2020 até que o governo apresente os dados que subsidiaram a proposta.

A assessora jurídica do Fórum, Larissa Benevides, explicou que o ministro da economia fala que a reforma administrativa vai ajudar a economizar bilhões e questionou: “Onde estão esses estudos? Para o devido processo legislativo é preciso conhecer esses dados para que os deputados e senadores tenham conhecimento técnicos para analisar a matéria”.

No entanto, Cerqueira recorda que “a precarização e o aviltamento de salários não dependem da PEC 32/2020”. O presidente do Unacon Sindical cita a proposta de redução de salário com redução proporcional de vencimentos e o projeto de avaliação de desempenho como exemplos de medidas, já em tramitação, tão ou mais perigosas que a própria PEC 32/2020. “Precisamos e devemos agir contra a proposta de reforma administrativa, mas não podemos esquecer de atuar contra os demais projetos de precarização do serviço público”, alertou.

A Proposta de Emenda à Constituição 186/2019, conhecida como a PEC Emergencial, que a qualquer momento pode ser apreciada pelo Congresso, também entrou na pauta da reunião. A avaliação geral é de que não há legalidade na medida, e também que os servidores já estão dando sua cota de contribuição em decorrência do congelamento salarial. A avaliação técnica da proposta deixa claro que os recursos de eventual corte seriam completamente insuficientes para fazer frente ao auxílio emergencial. O Fonacate já solicitou reunião com o relator da matéria, senador Márcio Bittar (MDB-AC).

SERVIR BRASIL

Abrindo os trabalhos junto ao Fonacate, o deputado federal e coordenador da Frente Servir Brasil, Professor Israel Batista (PV-DF), informou que além da ação jurídica está previsto, ainda, em conjunto com a Frente em Defesa da Reforma Administrativa, uma série de debates com a participação da sociedade sobre os principais pontos da PEC 32/2020.

“Já solicitamos reuniões com os presidentes da Câmara e do Senado, deputado Arthur Lira (PP-AL) e senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e tenho certeza de que com toda a produção técnica elaborada pelo Fonacate e a Frente Servir Brasil chegamos fortalecidos para esse debate no Congresso Nacional. Agora é hora de mobilização e demonstrar que uma reforma administrativa deve fortalecer o Estado, e não retirar serviços públicos dos cidadãos”, ressaltou.

Foi apresentado às afiliadas um possível substitutivo global da PEC 32/2020, e também criado grupo de trabalho para elaborar um projeto de lei sobre avaliação de desempenho no serviço público.

ARTICULAÇÃO

Ainda durante a Assembleia foi deliberado que o Fonacate deve lançar mais uma campanha de mídia (assista abaixo o vídeo que está no ar na Globo News), e também foram apresentadas iniciativas das afiliadas Anesp, Sindifisco e Anfip que lançaram sites para que toda a sociedade e o funcionalismo acompanhem o processo de debate da reforma administrativa, acesse:

Desde 2019 o Fonacate vem elaborando diversos estudos sobre a temática e, no ano passado, lançou os Cadernos da Reforma Administrativa (clique aqui para saber mais).

 

CAMPANHA SALARIAL

O secretário-geral do Fonacate e presidente do Sinal, Paulo Lino, junto aos presidentes da Assecor, Márcio Gimene, e do Unacon Sindical, Braúlio Cerqueira, apresentaram um estudo sobre a corrosão salarial dos servidores nos últimos anos.

De acordo com Lino, 21,7 salários deixaram de ser recebidos pelos servidores nos últimos 10 anos. “É preciso colocar esse debate na mesa. O governo não está dando nem a recomposição por inflação que a Constituição Federal recomenda e ainda fala em corte de salários e jornada”, criticou.

Para combater a desinformação, Cerqueira fala sobre a importância de informar melhor os servidores sobre qual a realidade da questão salarial hoje, e qual a possibilidades de recomposição salarial.

O Fonacate e as afiliadas vão preparar estudos técnicos sobre as perdas inflacionárias do funcionalismo para entregar a representantes do governo.