Corrosão inflacionária causa apreensão às afiliadas ao Fonacate

Para Rudinei Marques, as entidades precisam mobilizar suas bases para a campanha salarial de 2021: “Temos que abrir diálogo com o governo. Os salários estão congelados, perdendo mês a mês o seu poder de compra”

O processo inflacionário volta a preocupar dirigentes das entidades de classe do funcionalismo. Segundo representantes das entidades afiliadas ao Fórum, as perdas salarias acumuladas nos últimos anos chegam a 30%. O tema foi debatido na Assembleia Geral Extraordinária nesta terça-feira, 1ª de dezembro.

De acordo com estudos do Sinal, de janeiro de 2010 a janeiro de 2021, os servidores terão deixado de receber 19,9 salários. Isso por não ter o reajuste inflacionário do período.

“Em dez anos deixamos de receber cerca de dois salários por ano”, compara Paulo Lino, presidente do Sinal e secretário-geral do Fonacate. “Seria como se o funcionalismo recebesse anualmente, em vez dos treze salários legais, apenas onze. Dois salários anuais têm sido a contribuição do funcionalismo para o equilíbrio fiscal”, completa.

Bráulio Cerqueira, mestre em Economia e presidente eleito do Unacon Sindical, explica que no serviço público federal “as remunerações encontram-se congeladas em termos nominais até dezembro de 2021. Até lá, com exceção dos militares, a corrosão pelo IPCA desde a última reposição – em janeiro de 2017 ou janeiro de 2019, a depender do caso – somará 20% ou 12%, respectivamente, isto se a inflação não acelerar no próximo ano”.

Para Rudinei Marques, as entidades precisam mobilizar suas bases para a campanha salarial de 2021: “Temos que abrir diálogo com o governo. Os salários estão congelados, perdendo mês a mês o seu poder de compra. Somente nos últimos doze meses, considerando o IGP-M, que corrige os aluguéis, as perdas acumuladas chegam a 24,52%. E se não houver ao menos a reposição inflacionária durante o governo Bolsonaro, isso só poderá ocorrer em 2024″.

REFORMA ADMINISTRATIVA

Outro tema da pauta foi a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, que trata da reforma administrativa.

Os membros do Fonacate debateram uma proposta de texto substitutivo ao projeto, que também está sendo elaborado em parceria com a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público (Servir Brasil).

A questão da estabilidade, vínculos de experiência, avaliação de desempenho, cargos típicos de Estado são os temas que mais preocupam os servidores. As entidades já estão se preparando para os debates da PEC 32 que devem iniciar no Congresso a partir de fevereiro de 2021.

 

Com informações: Ascom/Fonacate